Secretário da Justiça faz palestra em evento de Matão sobre consciência negra

  

O secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Márcio Fernando Elias Rosa, proferiu palestra sobre “Cidadania”, em evento alusivo à Semana da Consciência Negra, em Matão. A palestra aconteceu na Casa da Cultura Prefeito Armando Bambozzi e marcou a abertura da Exposição Fronteiras do Baú, que reúne cerca de 3 mil itens sobre a cultura negra, incluindo selos, moedas, cédulas, fotografias, documentos históricos, miniaturas, quadros e vestimentas.

Márcio Elias Rosa falou a uma plateia de mais de 250 pessoas, entre autoridades locais, estudantes de Direito da Faculdade IMES (Instituto Matonense de Ensino Superior), estudantes do ensino médio, e representantes das religiões de matriz africana e da comunidade negra.

O secretário da Justiça destacou a importância do desenvolvimento de políticas públicas para a redução da desigualdade, citando que, no Brasil, o trabalhador negro ganha 30% menos em relação ao trabalhador branco que desempenha a mesma função. No caso das mulheres, a diferença salarial entre brancas e negras chega a 40%. “No universo de 1% da população brasileira mais rica, 70% são brancos”, mostrou, observando, ainda, que nas grandes empresas existem menos de 5% de negros ocupando cargos de executivo.

“O problema não é só do Estado brasileiro, passa também pela conscientização do mercado”, disse Márcio Elias Rosa. “A população negra qualificada é capaz de desempenhar qualquer função”, salientou, lembrando que o Brasil tem 54% de sua população formada por negros ou afrodescentes.

Para o secretário, “o Brasil tem um longo resgate a estabelecer em relação aos negros”, não apenas porque foi o último país do mundo a abolir a escravidão, mas também porque ainda convive com formas de discriminação racial.

  

Lembrou de ações afirmativas, como a Lei de Cotas, e iniciativas importantes do governo de São Paulo, como a implantação do sistema de pontuação diferenciada para negros, pardos e indígenas em concursos públicos, e a Lei nº 14.187, de 2010, que pune qualquer ato discriminatório por motivo de raça ou cor praticado no estado por qualquer pessoa, jurídica ou física, inclusive a que exerça função pública. Ressalvou, porém, que é preciso mais que políticas públicas no enfrentamento da questão. “São necessários também consciência e comportamento social nessa causa”. Segundo ele, a educação – em sentido amplo – é o principal caminho para a reversão desse quadro.             

Presente ao evento, a coordenadora de Políticas para a População Negra e Indígena, da Secretaria da Justiça e da Defesa e Defesa da Cidadania, professora Elisa Lucas, novembro é um mês de comemoração e reflexão para a comunidade negra e iniciativas como a realizada em Matão são importantes. “Mas nossas comemorações não podem se restringir às datas de 13 de maio e 20 de novembro”, o “Temos de trabalhar para que projetos federais como o Juventude Viva não sejam apenas políticas de gabinete e saiam efetivamente do papel”, disse, fazendo referência ao programa federal destinado a combater a violência contra jovens negros de 15 a 29 anos. “Precisamos implementar ações que tenham impacto em favor da população negra”, acrescentou.

O prefeito de Matão, José Edinardo Esquetini, afirmou que existe uma dívida social do Brasil e dos países que tiveram escravidão com a população negra. “Precisamos transformar projetos em ações concretas, em retribuição por tudo que os negros fizeram pelo País”, disse. Segundo ele, a exposição sobre o tema ajuda as pessoas, principalmente, a conhecerem o passado, a história, e a vislumbrarem o que ainda precisa ser feito.

João Bento, o “Cucão”, diretor de Difusão Cultural da Casa da Cultura e ativista das causas negras em Matão, destacou o papel da Maçonaria na libertação dos escravos, bem como a atuação de Machado de Assis, Luiz Gama e Castro Alves. E sentenciou: “os negros nunca pediram piedade nem compaixão; pediram justiça”.

  

Para o deputado estadual Roberto Massafera, foi feita a abolição da escravatura mas não foi dada oportunidade aos negros libertos. Segundo ele, essa dívida social foi reconhecida pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, que deu início a ações efetivas, mas ainda há muito o que se fazer nesse sentido.

Após a palestra, o secretário da Justiça participou da abertura da exposição Fronteiras do Baú, que permanecerá aberta para visitação pública até o dia 30 de novembro. A mostra exibe o conteúdo guardado durante 50 anos pelo colecionador gaúcho Vanderlen Amaral da Costa que conservou objetos sobre a cultura negra. São cerca de 3 mil itens que compõem a exposição, que busca discutir o curso da história dos negros no Rio Grande do Sul, no Brasil e no mundo, remetendo assim a uma reflexão sobre a inserção do negro no contexto social dos 114 anos de pós-abolição da escravatura.

  

Houve, ainda, apresentações musicais e roda de capoeira. Também estiveram presidentes a primeira dama e Presidente do Fundo Social de Solidariedade de Matão, Viviane Squetini;  o vice-prefeito Moacir Matturro; a secretária municipal de Educação e Cultura, Débora Milani; o diretor de Departamento de Cultura, Júlio Cesar Ribeiro;  o presidente da Câmara Municipal, Vereador Valtinho Trevisanelli; Mãe Ge, representante das religiões de matriz africana;  Anair Galvão, representante das famílias negras de Matão; Vanderlen da Costa, curador da Exposição “Fronteiras do Baú”; Marcos Toledo Piza, delegado regional de Araraquara do Instituto de Pesos e Medidas (IPEM) e outras autoridades.

 

 

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