Secretaria debate na Dersa tráfico de pessoas, assédio moral e atendimento a vítimas de violência

Cerca de 40 colaboradores da Dersa Desenvolvimento Rodoviário e de empresas contratadas pela autarquia participaram na manhã desta sexta-feira (11/05) do II Encontro “Tráfico de Pessoas”; “Assédio Moral no Ambiente de Trabalho; e “Prevenção e Tratamento para as Vítimas de Violência e suas Interfaces com Impactos Sociais de Grandes Obras”. Promovido Pela Dersa, em parceria com a Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, o encontro aconteceu na sede da empresa, no Itaim Bibi, capital.

Na abertura do evento, o gerente de Gestão Social da Dersa, Luciano Dias Lourenço, explicou que o encontro faz parte de um Ciclo de Palestras sobre Direitos Humanos para divulgar as políticas públicas do Estado de São Paulo, desenvolvidas pela Secretaria da Justiça.

Na sequência, Priscila Santos Martins D’Auria, psicóloga do Centro de Referência e Apoio à Vítima (CRAVI), programa da Secretaria da Justiça, fez um panorama do Programa desde sua criação em 1998, e explicou como é feito o atendimento às vítimas indiretas de crimes contra a vida, como homicídio.

Priscila D’Auria destacou que o CRAVI oferece atendimento público e gratuito às vítimas e seus familiares. Por meio de uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogos e assistentes sociais, são identificados os problemas enfrentados pelas vítimas, que então são direcionadas para o tratamento no próprio CRAVI ou nas instituições parceiras do programa, ente eles CREAS, CRAS, Centros de Referência e UBS.

Ao longo de 20 anos, segundo Priscila, o CRAVI já realizou 35.000 atendimentos, cerca de 150 por mês, em média. A maioria das vítimas indiretas são mulheres (80%) mães ou esposas, da raça negra, e residem nas zonas Leste e Sul da capital.

“Quando a vítima chega fragilizada, nós não queremos saber o motivo do luto, temos que ter um olhar sensível para acolher, dar conforto, deixar a pessoa falar, e ver o que a pessoa precisa para reconstruirmos a vida e os laços afetivos”, disse Priscila.

A psicóloga falou ainda sobre o convênio do CRAVI com o Tribunal de Justiça de São Paulo para atender, por telefone, vítimas de violência doméstica cujos autores passaram por audiências de custódia, e relatar o resultado das audiências. “No primeiro momento é difícil porque não temos o contato físico. Temos que ter muita habilidade; saber ouvir”, contou. “Algumas não querem abandonar o lar, se preocupam com os agressores. Acham que a agressão é normal. Outras querem sair, mas não sabem como.”

Segundo Priscila, foi criado um grupo com essas mulheres e o CRAVI disponibiliza um espaço para que elas possam se conhecer e trocar experiências. Os encontros acontecem toda quarta-feira.

Outra ação do CRAVI, além do atendimento a vítimas de violência, é a realização de oficinas temáticas realizadas toda última sexta-feira do mês para estudantes, profissionais da saúde, educação, psicólogos, assistentes sociais. Neste ano já foram realizadas quatro oficinas, com os temas: “Direitos da População LGBT”, “Violência Doméstica”, “Trabalhando com vítimas de violência” e “Bullyng”.

Na segunda palestra, o responsável pelo do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NEPT) da Secretaria da Justiça e da Defesa Da Cidadania, Flavio Antas Correa, abordou os conceitos de tráfico de pessoas, trabalho análogo à escravidão e seus desdobramentos; contrabando de imigrantes e o trabalho desenvolvido na prevenção e enfrentamento destas modalidades de crime.

“O tráfico de pessoas é uma modalidade de crime muito lucrativa e ele acontece a toda hora, a todo momento. Os aliciadores muitas vezes são pessoas próximas da família e as vítimas não percebem que estão sendo envolvidas. Para que o combate seja mais efetivo, é importantíssimo que as pessoas denunciem”, disse Flávio Antas.

Em relação ao trabalho escravo, o coordenador ressaltou que o estado de São Paulo é referência e serve de modelo para outras unidades da Federação e também para outros países porque é o único a ter uma legislação que possibilita a cassação da licença de funcionamento de empresas que submetem os empregados ao trabalho análogo à escravidão.

Outra tema abordado pelo palestrante foi o “Assédio Moral no Ambiente de Trabalho”. Flávio traçou o perfil do assediador e das vítimas assediadas, e explicou as consequências do ato nas áreas da saúde, da segurança e no meio ambiente do trabalho. Também advertiu que, dependendo da situação, o assédio moral pode ser caracterizado como trabalho análogo ao de escravo.

“Assédio moral são atos persecutórios intencionais, sistemáticos, repetitivos e de longa duração, que visam prejudicar o trabalhador e o meio ambiente do trabalho, por meio de conduta ofensiva, abusiva e humilhante”, explicou Flávio. “A pessoa assediada nunca mais esquece.  O trauma, mesmo após a situação cessar, fica para o resto da vida, podendo gerar desinteresse pelo trabalho, pois degrada psicologicamente o indivíduo”, disse Flávio.

Segundo o palestrante, o tipo de assédio moral mais praticado no ambiente de trabalho é o vertical descendente, no qual o superior ou pessoa com ascendência é quem pratica o ato. “Muitas vezes por uma antipatia o chefe passa a submeter determinado funcionário a situações vexatórias ou afasta o trabalhador do setor, quando não o ‘estimula’ a pedir demissão ou exoneração”, explicou.

Em relação ao combate a essa prática, o coordenador ressaltou que “a denúncia é a melhor forma de coibir o assédio”. “A pessoa tem de procurar mecanismos de defesa, entre eles, ouvidoria, corregedoria e sindicatos, ou ingressar com uma ação no Poder Judiciário”.

No final, Flávio Antas recomendou que os órgãos públicos e empresas privadas promovam palestras, rodas de conversas, capacitações para todos os servidores, incluindo os gestores, para que o ambiente de trabalho seja sadio e de respeito.

 

 

 

 

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