Evento do A.A. e do CONED discutiu alcoolismo feminino

  

Depoimentos emocionantes, abraços, reencontros e muita reflexão marcaram o evento “3ª Colcha de Retalhos Brasil”, realizado na sexta-feira (04/05), no auditório do Espaço da Cidadania “André Franco Montoro”, na sede da Secretaria da Justiça. O evento, que reuniu cerca de 200 mulheres em recuperação do alcoolismo, foi aberto pelo Secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Márcio Fernando Elias Rosa, e prosseguiu no sábado, promovido pelo grupo de auto-ajuda Alcoólicos Anônimos (AA) em parceria com o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (CONED).

O secretário destacou a gravidade do alcoolismo e chamou a atenção para o aumento dos casos da dependência entre as mulheres, citando que, no Brasil, o aumento foi de 34,5% no período entre 2006 e 2012, ante 14% a mais entre os homens.

Márcio Elias Rosa afirmou ser obrigação do Estado  afirmar “uma política de contenção à publicidade de álcool, porque é droga”. Enfatizou que muitas mulheres condenadas à prisão, ao término da execução da pena moram nos arredores das penitenciárias, por ser o único vínculo que constituíram. “Imaginem essa mulher buscando ajuda e se confessando dependente de álcool”, afirmou, acrescentando sobre as dificuldades de o Estado tratar todas essas pessoas. “No A.A. elas confiam e encontram ajuda”, disse. No final,  sugeriu ao CONED incluir tema alcoolismo feminino  em sua agenda de  eventos do Conselho.

Murilo Battisti, presidente do CONED-SP, afirmou que a dependência de álcool entre mulheres é tema pouco discutido em nossa sociedade e que a escassez de debate colabora com o estigma. 

A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Eloísa de Sousa Arruda, também ressaltou a gravidade da situação.  “Já temos casos de meninas com idade entre 10 e 14  anos que estão engravidando nos bailes funk, depois de beber. E elas não sabem nem os nomes dos pais desses bebês.” Depois, enfatizou: “Bebida alcoólica é também causa da violação de mulheres.”

  

O alcoolismo feminino foi abordado pelo psiquiatra Daniel Cordeiro, da UNIFESP. Durante 50 minutos, o especialista fez uma retrospectiva dos preconceitos que marcam mulheres e alertou que “mulheres se viciam mais rapidamente em bebida alcoólica e têm consequências maiores que os homens: mais transtornos psiquiátricos, distúrbios vasculares, cirrose e osteoporose”. Descreveu o tratamento e enfatizou: “A Medicina precisa dos Alcoólicos Anônimos e o A.A. precisa da Medicina.”

A Diretora Técnica da Coordenadoria Estadual de Políticas Sobre Drogas, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social, Roma Pitombo Di Monaco, afirmou que é crescente o número de mulheres alcoolistas internadas para para tratamento em São Paulo. “De 2013 para 2017 foram internadas 1.338 mulheres, em tratamentos por 30 dias, com taxa de ocupação de 93%. Em 2018, já internamos 269 mulheres, com idade média de 35 anos”, contou.  Roma apontou como causas da demora na busca de tratamento o preconceito e o desconhecimento da doença pela família. E agradeceu aos Alcoólicos Anônimos pela “parceria com o Estado e a grande ajuda dos grupos na recuperação.”

No auditório, mulheres recuperadas do alcoolismo, doença que limitou suas vidas pelo preconceito, sofrimento e pela dificuldade para conseguir tratamento. Mulheres que recuperaram saúde e autoestima nos grupos dos Alcoólicos Anônimos, onde a “Colcha de Retalhos” nasceu em 2012: “Enquanto mulheres partilhavam suas experiências, costuravam uma colcha de retalhos, onde cada pedaço de pano representava uma mulher , que no A.A. deixava de ser  trapo para ser retalho de puro linho. Colcha representando, de modo lúdico, quanto a linguagem de amor do A.A. pode ser útil àquela que ainda sofre. Colcha de Retalho é hoje  livro do A.A.”

Também participaram do evento o secretário-adjunto da Justiça e da Defesa da Cidadania, Luiz Souto Madureira; o presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas, psicólogo Murilo Battisti; o diretor do Cratod -Centro de Referência de Tabaco, Álcool e outras Drogas, Marcelo Ribeiro; o médico Oscar Cox, dos Alcoólicos Anônimos; Miguel Tortorelli, Coordenador de Políticas Sobre Drogas da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Vice-Presidente da Federação de Amor-Exigente; e outras autoridades.

  

 

 

 

 

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