Quarto ciclo de Atualização em Direitos Humanos debateu “Proteção à Vítima”

  

Cerca de 110 pessoas participaram do 4º módulo do Ciclo de Atualização em Direitos Humanos e Cidadania com o tema: “Proteção à Vítima”, promovido pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, por meio da Coordenação Geral de Apoio aos Programas de Defesa da Cidadania (CGAPDC). O evento aconteceu nesta quarta-feira (08/11), das 9 às 18 horas, no Auditório do Espaço da Cidadania “André Franco Montoro”, na sede da Pasta, no Pátio do Colégio, centro da capital.

A iniciativa – que prossegue até o mês de dezembro – tem como objetivo promover o diálogo e debater informações atualizadas e inovadoras sobre o tema.

Na abertura do encontro, Cristiane Pereira, coordenadora do Centro de Referência e Apoio à Vitima (CRAVI), programa da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, fez um panorama do Programa desde sua criação em 1998, e a forma como é feito o atendimento às vítimas indiretas de crimes contra a vida, como homicídio.

Na sequência, o defensor público Luis Rascovski relatou o trabalho da Defensoria Pública na defesa das mulheres vítimas de violência doméstica. A Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, também foi abordada. 

  

A psicóloga do CRAVI Priscila Santos Martins D’Auria falou sobre o convênio do CRAVI com o Tribunal de Justiça de São Paulo para atender, por telefone, vítimas de violência doméstica cujos autores passaram por audiências de custódia, e relatar o resultado das audiências. “No primeiro momento é difícil porque não temos o contato físico. Temos que ter muita habilidade; saber ouvir”, contou. “Algumas não querem abandonar o lar, se preocupam com os agressores. Acham que a agressão é normal. Outras querem sair, mas não sabem como.”

Segundo Priscila, foi criado um grupo com essas mulheres e o CRAVI disponibiliza um espaço para que elas possam se conhecer e trocar experiências. Os encontros acontecem toda quarta-feira.  

  

No final da manhã, a coordenadora do Centro de Referência da Mulher 25 de Março, Maria Aparecida Pinto, apresentou o trabalho desenvolvido pelo órgão.

Na parte da tarde, as discussões foram sobre “Os desafios no Atendimento de Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência”. A especialista do Centro Regional de Atenção Aos Maus Tratos na Infância do ABC, Marjori Macedo, fez um relato sobre os projetos desenvolvidos pela instituição para acolher as vítimas e os agressores, bem como atividades lúdicas para reintegrar a família. 

O psicólogo do CRAVI Bruno Fedri ressaltou a importância do acesso da criança à Justiça. Segundo Bruno, durante o atendimento muitas crianças manifestam o desejo de conversar com o defensor, com o promotor de Justiça, para entender melhor o que aconteceu. “A criança precisa ser ouvida com atenção. Em alguns casos se expressam por desenhos. O profissional precisa se colocar no lugar da criança, que muitas vezes presenciou o crime, para entender a sua dor e poder  ajudá-la a superar a dor e voltar à vida”, enfatizou.

Finalizando os trabalhos, a promotora de Justiça Juliana Tocunduva, abordou a atuação do Ministério Público no atendimento às vítimas e familiares de crimes contra a vida.

 

RECOMEÇO 

Durante o encontro, a advogada Karla relatou como “sobreviveu” após o assassinato do marido. “Eu sou uma vítima indireta de homicídio. Meu marido foi assassinado em 2009, no portão da nossa casa, quando estava saindo para trabalhar. Na época eu tinha um filho de 10 anos e outro de 9 meses. Nós presenciamos o crime. Por meio de um delegado de polícia, eu conheci o CRAVI e lá eu fui vista como um ser humano, porque eles entendiam a minha dor. Com a ajuda da psicóloga Priscila eu comecei a superar os meus medos, e hoje eu sou outra pessoa. Existe vida após a tragédia”, contou.

Ela ressaltou a importância da dinâmica na sala de espera do CRAVI. “Enquanto aguardamos o atendimento, conversamos com outras vítimas. A viúva conversa com a mãe do assassino de seu marido. Todos são tratados de forma igual. Esse diálogo me fortaleceu porque se outras pessoas passaram por situações piores que a minha, e superaram, eu também sou capaz de superar”, concluiu. Karla ainda passa por atendimento no CRAVI.

Após o depoimento, foi exibido um vídeo disponibilizado pelo Observatório de Direitos Humanos com depoimentos de mulheres que sofreram violência. Durante a exibição, a equipe do CRAVI distribuiu papéis e canetas aos presentes para que fossem escritas mensagens de apoio às vítimas.  Os cartazes foram expostos no saguão do auditório. Na sede do CRAVI, na Barra Funda, existe um mural onde são afixadas mensagens deixadas pelas pessoas atendidas pelo programa.

 

 

 

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