Uma gravidez na adolescência significa, necessariamente, haver adolescentes “grávidos” – seja o casal, seja apenas ela ou apenas ele. Mais do que julgar ou condenar, o ambiente escolar pode ser um caminho para eles se sentirem acolhidos e apoiados, até para que, no futuro, não abandonem os estudos.
A gestação nessa etapa do desenvolvimento biopsicossocial é considerada de alto risco. Os médicos Marco Aurélio Galleta, Adriana Waissman e Marcelo Zugaib, em artigo na publicação “Adolescência e Saúde 4 – construindo saberes, unindo forças, consolidando direitos”, são unânimes ao comentar os impactos da gestão para as jovens.
“Geralmente é uma gravidez não programada e indesejada que interferirá no processo de formação psíquica, intelectual e profissional dessa jovem, a qual comumente interrompe seus estudos e carreira para gestar e cuidar do bebê. Despreparada psicossocialmente, para esse evento, a adolescente negligencia aspectos básicos da sua saúde, repercutindo no seu bem-estar e no de sua criança. Esse processo torna a gravidez na adolescência claramente uma situação de risco”, afirmam os médicos.
Esses riscos se traduzem de formas diferentes, como o obstétrico, doenças e impactos para o recém-nascimento.
Na América Latina, entre 850 mil partos analisados, entre as adolescentes com idades inferiores a 19 anos, a taxa de mortalidade materna era de 54 garotas a cada 100 mil partos, um coeficiente bem maior do que a taxa de mortalidade registrada entre as adultas com idades entre 20 e 25 anos, de 41 mortes maternas a cada 100 mil partos. Para as adolescentes com idade inferior a 16 anos, o índice sobe para 185 mortes a cada 100 mil partos.
Em matéria de saúde da gestante, os médicos lembram que as jovens têm mais possibilidade de sofrer das duas formas clínicas da doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), a pré-eclâmpsia e a eclampsia. A persistência dos maus hábitos alimentares, comum entre os adolescentes, durante a gestação pode levar à anemia.
O pré-natal, assim, é não só um direito como uma necessidade para a adolescente-gestante, como também um processo no qual o pai da criança, especialmente se também for jovem, deve ser incluído. Afinal de contas, a responsabilidade da gravidez também é dele e é preciso superar a cultura do abandono dela à própria sorte quando se descobre grávida.
Aqui, os educadores encontram conteúdos que esclarecem sobre o pré-natal da adolescente e os desafios da gravidez jovem.
Os conteúdos a seguir são possíveis de discussão e uso em sala de aula:
Gravidez na adolescência. Fundação Abrinq. Brasil: 2018.
Gravidez na Adolescência no Brasil – Vozes de Meninas e de Especialistas. Coordenação: Benedito Rodrigues dos Santos, Daniella Rocha Magalhães, Gabriela Goulart Mora e Anna Cunha. Brasília: INDICA, 2017.
Nascer no Brasil: Sumário executivo temático da pesquisa. Brasília: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 2014.
Pesquisa Nacional de Saúde Escolar 2015. Brasília: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2015.
Já estes outros conteúdos abaixo, podem contribuir para o seu aprofundamento como educador(a):
Adolescência e Saúde 4 - construindo saberes, unindo forças, consolidando direitos. Organizado por Neusa Francisca de Jesus (coord.), José Maria Soares Junior, Sandra Dircinha Teixeira de Araújo Moraes. São Paulo: Instituto de Saúde, 2018.
Mãe, pai e casal na adolescência: e agora? Orientações para profissionais da saúde. Joviane Marcondelli Dias Maia, Cristiane Camargo de Oliveira, Roselaine de Oliveira Giusto, Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams. São Carlos: Pedro & João Editores, 2011.
Nascer no Brasil: Sumário executivo temático da pesquisa. Brasília: Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 2014.
Primeira infância e gravidez na adolescência. Brasília: Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), 2013.