São Paulo sedia a 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária
Foi aberta nesta quinta-feira (03/05), no Parque da Água Branca, em São Paulo, a terceira edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Márcio Fernando Elias Rosa, participou da cerimônia de abertura do evento, ao lado do secretário do Meio Ambiente, Maurício Brusadin; do diretor executivo da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), Gabriel Veiga; de Milton Farnazieri e Delwek Matheus, da liderança nacional do MST; de Edson Ales Fernandes, superintendente adjunto do INCRA em São Paulo, e de outras autoridades.
A 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária prossegue até domingo e reúne mais de 900 assentados de 23 estados e do Distrito Federal. Na feira são expostos e comercializados produtos da agricultura familiar – grãos, frutas, mel, aguardente, cervejas artesanais sucos, pimentas, pães, queijos, café, conservas e outros -, além de artesanato. A expectativa dos organizadores é de que 350 toneladas de produtos produzidos nos assentamentos serão comercializados ao longo dos quatro dias do evento.
A feira conta, ainda, com espaço cultural e cozinha com pratos típicos dos 23 estados representados na feira, cujo objetivo é dialogar com a sociedade sobre a necessidade de uma transição do atual modelo agrícola para um modelo que respeite o trabalhador e o meio ambiente. Um dos temas principais da edição deste ano é a produção de alimentos livres de agrotóxicos.
A programação cultural, gratuita, terá participações especiais de artistas da cultura popular, entre eles, a banda Ilê Aiyiê, vinda de Salvador (BA), o músico pernambucano Siba e a bateria da Escola de Samba Unidos da Tuiutí, do Rio de Janeiro.
O Governo do Estado cedeu o Parque da Água Branca para realização da feira. A Fundação Itesp, vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, emprestou 30 barracas para a exposição de produtos. No ano passado, a Feira recebeu mais de 150 mil visitantes. Ao todo, foram vendidas 220 toneladas de produtos, de cerca de 800 itens de 80 cooperativas e associações de assentados e agricultores familiares.
Na abertura da Feira, o secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Márcio Fernando Elias Rosa, destacou que o Estado de São Paulo teve grandes avanços na legislação referente aos assentamentos citando, como exemplo, a alteração de permissão para concessão do uso da terra aos assentados. “Isso garante não apenas o direito hereditário, mas também o direito à indenização em caso de expropriação”, observou.
Lembrou que São Paulo tem 139 assentamentos estaduais, onde vivem cerca de 7.100 famílias, beneficiadas, ainda, por programas como o PPAIS e o PPAIS Leite, que possibilitam aos assentados vender seus produtos agrícolas e leite para penitenciárias, escolas e hospitais estaduais. “O acesso à terra é essencial para o verdadeiro Estado democrático, social e de direito”, finalizou Márcio Elias Rosa.
O secretário do Meio Ambiente, Maurício Brusadin, anunciou a publicação de uma resolução que permitirá a realização da Feira da Reforma Agrária em qualquer um dos 11 parques estaduais da capital e nas 112 Unidades de Conservação do Estado.
Para o superintendente adjunto do INCRA em São Paulo, Edson Fernandes, a Feira ajuda a desmistificar a imagem de que os assentamentos são improdutivos. “Essa feira é importante para que o olhar sobre a reforma agrária seja mais consistente e mais verdadeira”, afirmou.
Representantes do MST reivindicaram mais verba para os assentamentos federais, mais apoio à agricultura familiar e defenderam a agroecologia, criticando o excessivo uso de agrotóxicos no Brasil, denunciando inclusive a aplicação de produtos já banidos em outros países e seus efeitos negativos à saúde da população.
O secretário da Justiça visitou a Feira e conversou com expositores. Também participaram da cerimônia de abertura o diretor-executivo do Itesp entre 2010 e 2017, Marco Pilla; prefeitos, parlamentares e outras autoridades.
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