Roda de Conversa traz reflexões sobre o Dia dos Povos Indígenas

Em encontro com lideranças, questões urgentes dos povos originários paulistas exibem necessidade da continuação do apoio de políticas públicas

O Museu das Culturas Indígenas, inaugurado há menos de um ano, na Água Branca, em São Paulo, tem sido palco, ao longo de todo o mês de abril, de atividades para crianças, estudantes e público em geral, com exposições, feiras de artesanato e rodas de conversa sobre as etnias indígenas de São Paulo e do Brasil.

E, neste dia 19 de abril, em que se costumava celebrar o “Dia do Índio”, e hoje se promove o “Dia dos Povos Indígenas”, esse foi o local escolhido para uma Roda de Conversa com três lideranças do Litoral Norte do Estado que, juntas, expuseram recados importantes para o futuro da população indígena que aqui vive, habita e resiste, nesses 500 anos da descoberta do país.

Presentes em todas as regiões paulistas, de norte a sul, do interior ao litoral, as cinco principais etnias (Tupi-Guarani, Guarani, Terena, Kaingang e Krenak) que povoam a nossa Mata Atlântica, somam mais de oito mil indígenas nos territórios e, aproximadamente, 40.000 pessoas no contexto urbano, principalmente na Cidade de São Paulo.

A Secretaria da Justiça e Cidadania, por meio do Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPISP), participou desse momento, cujo tema foi “Direitos Indígenas, Proteção Territorial e Meio Ambiente: Dilemas e Desafios para o Século XXI”. 

O secretário-executivo da Pasta, Raul Christiano, esteve presente ao evento, promovido em parceria com o Conselho Indígena Aty Mirim, e ouviu as demandas dos participantes, representados por Cristiano Kirnkinju, presidente do Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPISP), da Terra Indígena Renascer Ywyty Guaçu, de Ubatuba; por Thiago Awá Mirim – Kagwydja, Guardião da Floresta e membro do Conselho Indígena Aty Mirim/MCI, e por Carlos Papá, cineasta e liderança espiritual do Conselho Indígena Aty Mirim. 

Em participação especial, como moderadora da Roda de Conversa, Cristin Takuá, liderança do Instituto Maracá, lembrou aos presentes a importância de se expor, para toda a sociedade, as necessidades atuais dos indígenas e os problemas que os afligem, clamando por uma atuação urgente e coordenada do Poder Público, para reparações históricas.  

Questões como segurança nos territórios, saneamento (água potável e esgotos), caça ilegal, destruição da natureza, alcoolismo e drogas nas aldeias, falta de perspectiva dos jovens, invasões, mineração, grilagem de terras, dentre outras mazelas, foram levantadas e explicitadas de maneira contundente por todos, e lembraram o quanto é importante o apoio do Estado na atenção a esses pontos, com políticas públicas.

“Vamos lutar sempre, e não vamos deixar de cobrar as autoridades e os responsáveis”, lembra Thiago Awá Tupã Mirim, Guardião da Floresta, autor de depoimento emocionado na Roda de Conversa. Raul Christiano disse que o público presente tomou um banho de consciência e que, aproveitando a fala de Carlos Papá sobre as reverências à data, argumentou que “talvez, realmente, não seja hoje um dia para comemorar, mas para refletir mais sobre como nos relacionamos com os seus temas e dificuldades históricas”.

“Devemos ser agentes multiplicadores destes alertas reiterados e novos conceitos. É possível dizer que o sangue indígena, também percorre o nosso organismo, brasileiros que somos, de alguma forma”, continuou o secretário-executivo.

“Saio deste encontro com tarefas a compartilhar no novo Governo do Estado, dada a atenção de todos hoje em dia pela capilaridade de conceitos e atenções aos povos originários e comunidades tradicionais, que incluem um novo olhar no ensino, principalmente nas licenciaturas com parâmetros educacionais indígenas para a formação dos professores. Também adianto que em breve vamos ter a concretização da coordenadoria dos povos indígenas, na estrutura da Secretaria da Justiça e Cidadania. Por fim, aplaudo e peço aplausos à bela e concreta iniciativa da Secretaria de Infraestrutura, Meio Ambiente e Logística, por meio da Fundação Florestal, pela criação dos “Guardiões da Floresta”, programa inovador do governo paulista, que contempla a ação dos próprios indígenas para cuidar da nossa Mata Atlântica”, concluiu Raul Christiano.

Governo do Estado de SP