Violência contra a mulher é tema de evento no Palácio dos Bandeirantes

O Salão dos Pratos, no Palácio dos Bandeirantes, sediou nesta segunda-feira (26/09) o debate sob o tema Diálogos – Empoderamento Econômico de Vítimas da Violência, que tratou sobre a relação entre a violência doméstica e a autonomia financeira da mulher e reuniu representantes dos principais movimentos femininos de São Paulo.

O coordenador Osmário Climaco de Vasconcelos e Débora Malheiros, da Coordenação Geral de Apoio aos Programas de Defesa da Cidadania da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, acompanharam o evento promovido pela Assessoria Especial para Assuntos Internacionais (AEAI) do Governo paulista com o consulado dos Estados Unidos, em São Paulo.

A norte-americana Ludy Green,colu nista do The Huffington Post (agre gador de blogs nos EUA), nome de projeção internacional em violência doméstica contra as crianças e mulheres, participou da série de palestras. Green, que foi vítima de violência doméstica, falou da importância da autonomia financeira para as vítimas e sobre seu projeto Second Chance Employment Services, primeira e única agência de emprego empenhada em ajudar mulheres vítimas de tráfico de pessoas.

 

Reflexão – Mafoane Odara, do Instituto Avon, Carmen Dora de Freitas Ferreira, presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo e a juíza Teresa Cristina Cabral Santana Rodrigues dos Santos, do Fórum da Comarca de Santo André, também participaram do evento. Para Carmen Dora, esses encontros ajudam bastante, provocam reflexão. “Quarenta anos atrás, era comum ouvir das mulheres: ‘ruim com ele, pior sem ele’. Claro que houve muito progresso de lá para cá, mas é preciso avançar mais”, comenta Carmen. Segundo ela, o que fortalece o agressor é o silêncio da mulher. São pequenos deboches no dia a dia, ameaças, observações inapropriadas sobre o cabelo, o corpo da mulher (“seu cabelo está feio, você engordou”). “Quando a mulher se dá conta, a violência já está instalada e, então, fica difícil reverter a situação.”

 

Preconceito – Carmen Dora discorreu, também, sobre racismo. “A violência contra a mulher não tem classe social nem cor, mas a mulher negra sofre duplo preconceito.” Ela citou caso recente ocorrido com ela numa agência bancária. “Antes de passar pela porta automátiva, coloquei celular, chaves e moedas no porta-objetos. Para surpresa minha, a gerente disse que eu não poderia entrar por questão de segurança. Mostrei minha carteira da OAB e ela disse que não significava nada. Foi um desrespeito total que resultou em processo ganho em primeira instância.” Mafoane Odara, da Avon, apresentou dados da Organização das Nações Unidas (ONU), mostrando que a cada 11 minutos o País registra um estupro e, a cada dois minutos, cinco mulheres são espancadas. O Brasil ocupa o quinto lugar na relação dos países com maior índice de violência contra a mulher, atrás somente de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia. Odara lembrou a pesquisa do Datafolha, realizada recentemente, segundo a qual, para um em cada três brasileiros, a vítima é sempre a culpada. Para ela, o caminho a percorrer é longo e abrange cultura e conhecimento.

 

Rede de proteção – Segundo os palestrantes, São Paulo tem ampla rede de proteção à mulher, que inclui ações da segurança pública e programas de prevenção e atendimento às mulheres vítimas de violência, criada muito antes da entrada em vigor da Lei Federal Maria da Penha, que completou 10 anos em agosto. O público pôde conferir outras iniciativas no Estado de São Paulo ao longo dos anos, como a criação das Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs), o Conselho da Condição Feminina nos anos 1980, a Coordenadoria de Proteção à Mulher, em 2012, além do atendimento médico no Hospital Pérola Byington, referência em cuidados de saúde da mulher, entre eles o programa Bem Me Quer, que atende a vítimas de crimes sexuais. Já o Centro de Referência de Apoio à Vítima (CRAVI), da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, dá atenção às pessoas que passaram por experiência traumática de crimes violentos, entre eles a violência doméstica.

 

 

 

Fonte: Diário Oficial

 

Governo do Estado de SP