Seminário do CRAVI aborda questões jurídico-psicossociais da violência contra a mulher
Com o tema “Abordagens Jurídico-Psicossociais da Violência: os cuidados com as mulheres vítimas de crimes em contextos grupais”, o Centro de Referência e Apoio à Vítima (CRAVI), programa da Secretaria da Justiça e Cidadania, promoveu nesta segunda-feira (22), o segundo módulo do seminário alusivo aos 21 anos do Programa. O encontro ocorreu no Plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda, na capital. O último módulo do seminário será na próxima segunda-feira (29).
Desde o início de suas atividades, em julho de 1998, o CRAVI oferece atendimento público e gratuito a vítimas, e seus familiares, de crimes violentos como homicídio e latrocínio.
Simeia Ivo, assistente social do CRAVI, explicou no Seminário que o programa realiza um processo de triagem, que consiste na coleta de dados dos familiares de vítimas de violência, disponibilizando espaço sigiloso e acolhedor para apoiar, escutar e cuidar do sofrimento causado pela violência. Também é oferecida orientação jurídica. Alguns casos são encaminhados para tratamento no próprio CRAVI e aqueles que não se enquadram no perfil do Programa são encaminhados para a rede de serviços públicos ou para instituições parceiras.
A técnica também apresentou a metodologia dos grupos criados para dar suporte as vítimas. “O grupo de Cidadania marcou a trajetória dos 21 anos do CRAVI. As vítimas pela primeira vez tiveram voz, falaram da sua dor e conheceram a história de outras pessoas que passaram pelo mesmo sofrimento. A partir desses relatos nós elaboramos um livro. Foi muito gratificante”, disse Siméia.
Além do grupo de Cidadania, existe o grupo Educação em Direitos e o Grupo Operativo de Aprendizagem Coletiva – GOAC – que questiona ditos populares junto com as vítimas e articula tais questionamentos a assuntos ligados à cidadania e acesso a direitos. Estes grupos têm reuniões semanais com duração de 1h30m.
Já a psicóloga Luanda Avedissian falou sobre o convênio do CRAVI com o Tribunal de Justiça de São Paulo para atender, por telefone, vítimas de violência doméstica cujos autores passaram por audiências de custódia. Por esse convênio, o CRAVI informa às vítimas o resultado das audiências.
A palestrante apresentou o perfil das vítimas (idade, escolaridade, etnia), a forma como são transmitidos, por telefone, os resultados das audiências de custódia para as vítimas – entre eles a aplicação de medida protetiva, a concessão de liberdade provisória e o afastamento do lar – e relataram casos de mulheres atendidas pelo programa.
“No primeiro momento é difícil porque não temos o contato físico. Temos que ter muita habilidade, saber ouvir”, contou Luanda. “Algumas vítimas não querem abandonar o lar, se preocupam com os agressores. Acham que a agressão é normal. Outras querem sair, mas não sabem como”, disse Luanda.
Segundo a psicóloga, foi criado um grupo com essas mulheres chamado de “Bate Papo com o CRAVI”. O programa disponibiliza um espaço para que elas possam se conhecer e trocar experiências. Os encontros acontecem na terceira quarta-feira de cada mês.
No encerramento, o defensor público Douglas Basílio Ribeiro explicou que audiência de custódia é realizada quando o autor de um crime é preso em flagrante e levado perante o juiz. O magistrado analisa a prisão e decide se o réu responderá ao processo recluso ou em liberdade. Também explanou sobre os tipos de medida protetivas aplicadas.
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