Secretaria da Justiça homenageia vítima de crime que chocou o Brasil
Na próxima sexta (22/05), o Governo do Estado de São Paulo vai prestar uma homenagem à memória do menino Ives Ota, de oito anos, que foi sequestrado e assassinado de forma cruel na Zona Leste de São Paulo, após longos dias de agonia dos familiares.
Apesar da truculência dos autores do crime, a superação da família Ota com ações afirmativas tornou o caso emblemático para a cultura de paz e impulsionou a criação de projetos que pregam o fim da violência, a exemplo do Centro de Referência e Apoio à Vítima (Cravi), sediado no Fórum Criminal da Barra Funda.
“Sensível a essa motivação, o governador Geraldo Alckmin me autorizou a dar o nome de Ives Ota à primeira unidade do programa”, declara o secretário da Justiça e de Defesa da Cidadania, Aloísio de Toledo César. “O Cravi é um programa da Secretaria da Justiça que tem como missão proporcionar à vítima o acesso à justiça e seu restabelecimento social e psicológico”, explica o secretário, que fará o descerramento da placa às 11h00.
Criado com base no artigo 245 da Constituição Federal, o Cravi é uma conquista das famílias que perderam seus entes vítimas de crimes dolosos contra a vida, estimulados pela família Ota. Apesar da iniciativa paulista, a regulamentação do artigo para tornar obrigatória a assistência a vítimas ainda é uma luta do movimento social.
“Mesmo abalada pelo sofrimento, a mãe do menino, que posteriormente ganhou projeção política, saiu pelas ruas do bairro com faixas nos braços a fim de pregar a paz e o fim da violência”, relembra Aloísio de Toledo César, que acompanhou o caso enquanto juiz e desembargador. A expansão do Cravi para nove localidades da capital e interior foi é uma das bandeiras da deputada federal Keiko Ota. “Ela ficou bastante emocionada ao saber que a memória de seu filho receberá essa homenagem”, afirma o secretário da Justiça.
Desde o início de suas atividades, em 1998, o Cravi contabiliza 24.670 atendimentos no Estado de São Paulo. O programa oferece apoio psicológico, social e jurídico gratuito às vítimas e seus familiares e conta com a parceria da Defensoria Pública do Estado, Ministério Público, Tribunal de Justiça, universidades e organizações da sociedade civil.
Sobre o caso
No dia 29 de agosto de 1997, o menino Ives Yoshiaki Ota, de oito anos, foi sequestrado por três homens em sua própria casa, na Vila Carrão, Zona Leste de São Paulo. Foi morto na madrugada do dia 30 de agosto com dois tiros no rosto porque reconheceu um de seus sequestradores, que trabalhavam como segurança nas lojas de seu pai – dois deles eram policiais militares. Em setembro de 1997, a família fundou o Movimento da Paz e Justiça Ives Ota, que prega o perdão e o fim da violência.