Rapper Thaíde faz palestra aos jovens da unidade Rio Tocantins, da Fundação CASA

Olhares atentos, identificação e curiosidade. Na sexta-feira (12 de julho), na véspera do aniversário de 29 anos de promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o rapper Thaíde conversou com todos os adolescentes em internação provisória e internação sanção da unidade Rio Tocantins da Fundação CASA, no Complexo do Brás, na capital paulista.

Com mais de 30 anos de carreira, Thaíde contou sua história de vida, detalhando como fez para ultrapassar os “muros” da pobreza e da periferia e trilhar uma carreira sólida na música e em outras linguagens das artes. Um dos meios foi acreditar em si mesmo, aproveitar as oportunidades certas e não carregar consigo o sentimento de ódio. “Seu pior inimigo é você mesmo. Vocês (adolescentes) possuem capacidade, são inteligentes e têm muito o que fazer”, incentivou.

Jovens da Fundação CASA – Rio Tocantins assistem à palestra do rapper Thaíde: história de vida

 

Thaíde mostrou que, mesmo nas adversidades, ainda é possível escolher caminhos distantes da criminalidade. “Eu e minha avó, que me criou, chegamos a pedir esmolas. Uma vez fingi um roubo, para impressionar alguns amigos, e me arrependi muito. Decidi que nunca mais faria aquilo”, lembrou o rapper.

Antes de gravar as primeiras músicas e clipes, trabalhou como office boy, enfrentou preconceito por ser negro e da periferia e perdeu familiares para a criminalidade. Sua avó foi seu porto seguro, com quem aprendeu a enfrentar as adversidades e recebeu lições de caráter que carrega consigo ainda hoje. “Ao falar sobre coragem, não vem a imagem de um homem à minha cabeça, mas da minha avó”, relatou emocionado.

Em mais de uma hora de bate-papo, o músico respondeu a diversas perguntas dos adolescentes. Muitos, apesar de serem de geração diferente, conheciam suas músicas, inclusive por influência dos pais, fãs do rapper.

Um dos jovens questionou como o rapper via os adolescentes que ali estavam, aguardando a sentença do seu processo ou cumprindo internação sanção. O rapper foi enfático: “Nós somos seres humanos, somos iguais, vocês também. Todos possuímos direitos. Vocês são pessoas capazes, precisam acreditar em si e não alimentar o ódio, porque o ódio se alimenta da gente”.

“Ele (Thaíde) falar com os adolescentes foi a realização de um grande desejo. Há três anos tentava o contato e uma resposta positiva e ela se concretizou na véspera do aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente”, afirmou a coordenadora pedagógica do CASA Rio Tocantins, Alexsandra Dantas.

O rapper mora nas imediações do bairro do Brás, no centro da capital, onde fica o centro socioeducativo. A coordenadora pedagógica encontrou como músico algumas vezes, pelas ruas, mas tinha receio de abordá-lo para pedir a realização da palestra.

Quando tomou coragem, a resposta foi positiva. Depois de uma carta entregue ao rapper, a produção entrou em contato e agendou o bate-papo, conforme a agenda disponível. Um diálogo que duraria cerca de 40 minutos, transformou-se numa lição de vida de quase uma hora e meia para os adolescentes do centro socioeducativo.

Carreira

A sólida carreira de Thaíde teve início em 1988, quando lançou o disco “Cultura de Rua”, em parceria com o rapper DJ Hum. Uma das canções era “Corpo Fechado”, que se tornou o primeiro hit de rap brasileiro a tocar nas rádios do país.

Dali em diante, o músico transitou por diferentes linguagens artísticas. Foi apresentador de programas de TV, como Yo! MTV Raps, Manos e Minas, da TV Cultura e A Liga, da TV Bandeirantes. É coautor de dois livros: “Pergunte a quem conhece: Thaíde”, sobre o movimento hip hop e sua carreira, e “Thaíde: 30 anos mandando letra”.

Atuou em filmes como “Antonia”, com o personagem Marcelo Diamante (que também se tornou série para a TV aberta); “Triunfo”, com direção de Cauê Angeli; e “Caixa Dois”, do diretor Bruno Barreto. Ainda viveu o abolicionista Luiz Gama na série “Era uma vez na História”, da Bandeirantes.

 

Fonte: Fundação CASA

Governo do Estado de SP