Núcleo de Estudos Afro e Indígena é lançado em seminário
O seminário “Memória, Luta, Formação”, promovido no Anfiteatro da Arena Corinthians, na sexta-feira (20/03), véspera do Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, marcou o lançamento do Núcleo de Estudos Afro e Indígena, uma parceria entre a Coordenação de Políticas para a População Negra e Indígena (CPPNI) e Diretoria de Ensino Região Leste 1.
A ocasião serviu ainda para a apresentação do calendário 2015 Calendário Memória da Negritude, que lembra personalidades internacionais que se destacaram na política, na cultura e na luta contra o racismo.
A coordenadora do CPPNI, Elisa Lucas Rodrigues, falou sobre o trabalho da coordenação, criada em 2009, pelo Decreto Estadual 54.429, em prol da população negra e indígena. Ela destacou os avanços conquistados a partir do aperfeiçoamento da legislação, o trabalho conjunto com a Academia da Polícia Militar (Acadepol) em torno da conscientização dos policiais militares para o respeito ao tratamento da população negra, a oportunidade de ingresso na carreira pública, para pretos, pardos e indígenas por meio de políticas de cotas (Lei 1250/2015), entre outras conquistas.
Sobre o calendário, Rodrigues lembrou que a história da população negra não é apenas sobre as “correntes e grilhões” da escravidão, mas composta por pessoas ilustres, como Chiquinha Gonzaga, compositora, retratada como mulher branca em série de TV, mas que na realidade é negra, entre outras personalidades que se destacaram no mundo da cultura e da intelectualidade, como escritores e pensadores. A coordenadora do CPPNI discorreu ainda sobre o trabalho de levantamento da localização de índios urbanos e aldeados, feito em 66 aldeias mapeadas e assistidas pela coordenação.
Personagens ilustres
O calendário distribuído aos participantes do seminário reúne diversas personalidades, como o escritor, jornalista e abolicionista Luís Gama (1830-1882), lembrado pelo líder comunitário padre Ticão, da Paróquia São Francisco, de Ermelino Matarazzo, como personagem fundamental, que precisa ser lembrado nas escolas; Theodoro Sampaio, engenheiro e pensador, um dos fundadores da Escola Politécnica da USP; e personalidades brasileiras e estrangeiras, como Martin Luther King, Rosa Parks, Mandela, Chica da Silva, Hélio Santos e Theodosina Ribeiro.
O seminário reuniu estudiosos como o professor Valter Silvério, da Universidade Federal de São Carlos, que discorreu sobre o tema da Educação, das Relações Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, e a professora Gislene Aparecida dos Santos, que apresentou o seu trabalho sobre Percepção da Diferença entre Brancos e Negros na Escola básica, com a participação de diversos autores.
O evento reuniu ainda diretores do Esporte Clube Corinthians, como o seu 1º vice-presidente, André Luiz de Oliveira, o ex-presidente e deputado federal André Sanches, o diretor de Ensino da Leste 1, Amarildo Luchetti, os professores José Vicente, reitor da Universidade Zumbi do Palmares, Hélio Santos, figura de destaque do movimento afro-brasileiro contra a discriminação, e Gisele dos Santos, da USP-Leste.
Dia Internacional de luta
Criado pela ONU, o Dia Internacional de Luta contra a Discriminação Racial, comemorado em 21 de março, lembra o “Massacre de Sharperville”, em Joanesburgo, África do Sul, durante protesto, em 1960, contra a Lei do Passe, que obrigava à população negra a portar um cartão permitindo a sua circulação em determinados locais, fora dos guetos onde estava confinada. Apesar de ser um protesto pacífico, a polícia atirou contra os manifestantes, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. A Organização das Nações Unidas instituiu a data, em memória ao acontecimento.
Silvano Tarantelli
Coordenador de Comunicação
Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
Governo do Estado de São Paulo
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