CRAVI completa 26 anos com mais de 73 mil atendimentos a vítimas de crimes contra a vida

 

Programa da Secretaria da Justiça e Cidadania registrou aumento significativo nos casos de feminicídios consumados e tentados

 

O Centro de Referência e Apoio à Vida (CRAVI), da Secretaria da Justiça e Cidadania (SJC), está completando 26 anos com mais de 73 mil atendimentos psicológicos, sociais e jurídicos a vítimas diretas e indiretas de crimes contra a vida, como feminicídios, homicídios e latrocínios.

Nos últimos anos, o serviço criado em 16 de julho de 1998 vem registrando aumento significativo nos atendimentos de casos de feminicídios, tanto consumados quanto tentados. Na época em que o CRAVI foi criado, a maioria era composta por mulheres, mães e companheiras que tiveram maridos e filhos mortos em conflitos armados.

A coordenadora do programa, Luane Natalle, destaca que apenas a sede do CRAVI, localizada no bairro da Barra Funda, em São Paulo, recebeu 329 casos de violência contra a mulher nos primeiros cinco meses de 2024. “Atualmente, há mais de 80 casos ativos de feminicídio em todas as unidades do programa”, informou.

O CRAVI busca acolher as vítimas e romper os ciclos de violência, facilitando o desenvolvimento da autonomia dessas pessoas, como a dona de casa A.L., de 37 anos, que perdeu a irmã para o feminicídio, deixando quatro filhos.

Após o crime, A.L. passou a receber apoio psicológico do CRAVI sede para lidar com a morte violenta da irmã e a responsabilidade de cuidar dos sobrinhos. “Estava no momento mais conturbado da minha vida. Me sentia sozinha e revoltada, mas as sessões com a psicóloga me ajudaram a suportar a angústia”, relatou.

O número de acolhimentos nas unidades do CRAVI cresce a cada ano. Só no primeiro semestre de 2024, o programa registrou 4.204 atendimentos nas unidades localizadas nos municípios de Araçatuba, Santos, São Vicente, Barueri, Caieiras, Guarulhos, Pindamonhangaba, São Paulo e Suzano. No mesmo período de 2023, foram 3.707 acolhimentos e, em 2022, 3.445.

Vítima indireta de homicídio, a revendedora R.M. chegou ao CRAVI Araçatuba após uma tragédia em família. Seu pai, ao defendê-la de mais uma agressão do ex-marido, atirou contra o homem, que faleceu.

Ela sofreu violência doméstica por 14 anos, período em que ficou casada com o agressor e pai dos seus filhos. O acolhimento do CRAVI, segundo a vítima, foi essencial para a reconstrução da sua vida. “Fiquei destruída na época, até hoje tenho meus gatilhos, mas agora sei enfrentar melhor a dor”.

A filha de 10 anos da revendedora também é atendida pelo CRAVI Araçatuba. Na época do crime, em razão da pouca idade da menina, a mãe optou por não revelar o motivo à garota. “Mas chegou a hora de contar a verdade”, afirmou R.M., que recorreu à psicóloga do programa para ajudá-la nesse momento.

Além do apoio às vítimas de crimes contra a vida, o CRAVI também atua no atendimento de emergências e desastres, prestando apoio psicossocial a comunidades afetadas por eventos traumáticos.

O programa já atendeu vítimas de diversos desastres, como o acidente aéreo da TAM em Congonhas, o ataque à Escola Estadual Raul Brasil em Suzano e o desastre que devastou o litoral norte paulista, depois de um temporal que causou mortes e destruição na região.

Para ter acesso aos serviços do CRAVI, basta procurar uma unidade com documento de identificação. O programa oferece atendimento gratuito com equipes de psicólogos, assistentes sociais e orientação jurídica por meio de parcerias com órgãos como o Ministério Público e a Defensoria Pública. O telefone para contato é (11) 3666-7778 e o e-mail é cravi@justica.sp.gov.br.

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