Centro de Referência e Apoio à Vítima celebra 25 anos de serviços prestados para a população
O Centro de Referência e Apoio à Vida (CRAVI), da Secretaria da Justiça e Cidadania (SJC), completou 25 anos nesta quinta-feira (27/07) contabilizando mais de 65 mil atendimentos de serviços oferecidos à população em várias regiões do estado de São Paulo.
Durante a abertura oficial da comemoração, na Escola Paulista de Magistratura (EPM), o secretário da Justiça e Cidadania, Fábio Prieto, ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pelo CRAVI em prol das vítimas de crimes violentos. “Temos que comemorar a existência dessa entidade, o CRAVI, que apoia e acolhe pessoas vulneráveis da nossa sociedade que não têm condições de fazer a sua defesa”, afirmou.
“O CRAVI é um equipamento que a gente chama de contramedida, o que prestigia a vítima. Nós queremos que a vítima seja assistida, protegida e reconhecida pelo trauma que passa. O programa funciona nesse sentido, por isso é tão importante para a sociedade”, ressaltou Fábio Prieto.
Na ocasião, Fábio Prieto fez questão de parabenizar a coordenadora do CRAVI, Luane Natalle, a equipe de atendimento e parceiros do programa, como o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo. “Todos fazem parte da linha do tempo da história do CRAVI. Destaco aqui, a presença do ex-secretário da Justiça e Cidadania, Belisário dos Santos Júnior, que junto com o então ex-governador Mário Covas deram início ao programa em 1998”, lembrou o secretário da Justiça.
Também estiveram presentes na comemoração, o diretor da Escola Paulista da Magistratura, desembargador José Maria Câmara Júnior, o procurador de Justiça, representando o procurador geral de Justiça Mário Sarrubo, Arthur Pinto de Lemos Júnior, e o primeiro subdefensor Público-Geral do Estado, representando o defensor geral Florisvaldo Fiorentino Júnior, Rafael Pitanga.
Depoimentos e homenagens
Na segunda parte do evento, vítimas atendidas pelo serviço contaram o que as levaram até o CRAVI, como dona Maria Aparecida, que procurou o programa após a morte traumática do filho. “Ele era tudo para mim, mas seguiu um caminho que não ensinei. Um dia despareceu e nunca mais o encontrei. Dois anos e oito meses depois, recebi a notícia que estava morto e foi enterrado como indigente no interior de São Paulo”, lembrou.
Tempos depois, Maria Aparecida conheceu o CRAVI Barra Funda e sua vida começou a mudar para melhor. “O mundo não tinha mais sentido pra mim, mas lá recebi amor e carinho, o que me deu força e coragem para sair do buraco em que eu estava”, lembrou emocionada.
Delmira Ribeiro Santos também deu seu depoimento. Em junho de 2021, um homem que conhece desde a infância e com quem teve um breve relacionamento invadiu a sua casa e tentou matá-la. “Foram mais de dez facadas, que atingiram fígado, intestino e pulmão. Estou viva por um milagre”, contou.
O homem fugiu e, quase sem forças, Delmira conseguiu pedir socorro à vizinha. Foi levada ao hospital e, após o período de internação, foi para a casa dos irmãos, que cuidaram dela. Começou então a frequentar o posto de saúde do bairro e lá foi orientada a procurar apoio psicológico no CRAVI de Suzano.
“Estava muito triste, com vergonha, me sentindo um lixo. Passei a frequentar as rodas de conversas e outros eventos do CRAVI e minha vontade de viver foi retornando aos poucos”. Quando se sentiu mais segura, voltou para a sua casa. Hoje, faz faculdade de Serviço Social e está escrevendo o livro “Uma história de fé e superação”.
Funcionários das nove unidades do programa (Araçatuba, Santos, São Vicente, Barueri, Caieiras, Guarulhos, Pindamonhangaba, São Paulo e Suzano) e parceiros do CRAVI também foram homenageados na cerimônia. “Agradeço a todos, pois esses 25 anos de trabalho não seriam possíveis sem o apoio e o esforço dessas pessoas. Nossas ações certamente seriam muito limitadas”, avaliou Luane.
Como ter acesso
Qualquer pessoa que tenha passado por situação de violência relacionada a crimes contra a vida – como homicídios, latrocínios e feminicídios – pode ser acolhida gratuitamente no serviço por equipes de psicólogos e assistentes sociais.
Ao realizar a triagem, a equipe identifica as demandas e direciona as vítimas para as unidades CRAVI, que contam com espaços sigilosos e acolhedores para apoiar, escutar e cuidar das pessoas expostas ao sofrimento causado pela violência.
O programa também oferece orientação jurídica, por meio de parcerias com o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, além de ações de prevenção à violência e educação em direitos humanos com oficinas, palestras e rodas de conversa.
Para acessar o CRAVI, basta ir a uma unidade com documento de identificação. A sede fica na Av. Abraão Ribeiro, 313, piso térreo – Av. D, sala 0-429. O telefone é (11) 3666-7778 e o e-mail cravi@justica.sp.gov.br.