Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes foram tema de oficina do CRAVI
Em celebração ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, comemorado em 18 de maio, o Centro de Referência e Apoio à Vítima (CRAVI),programa da Secretaria da Justiça e Cidadania, debateu o tema na sexta-feira (31) no Fórum Criminal da Barra Funda, localizado na capital. Essa foi a quarta oficina promovida pelo CRAVI que, desde o começo do ano, tem discutido assuntos relacionados aos direitos humanos e à cidadania. Cerca de 160 pessoas estiveram presentes ao encontro.
A coordenadora do Centro de Referência das Vítimas de Violência (CNRVV), Dalka Ferrari, abordou alguns desafios relacionados ao enfrentamento do abuso e da exploração sexual de crianças e adolescentes.
A especialista também apresentou um passo-a-passo das intervenções a serem realizadas nesses casos e os encaminhamentos necessários. O trabalho visa a orientar a vítima de violência sexual sobre a importância de relatar o fato. Segundo Dalka Ferrari, os atendimentos são feitos de forma individual e em grupos. “São criados ambientes lúdicos com jogos, brincadeiras, contação de histórias, para que a vítima possa confiar no profissional e narrar o abuso. Devemos ter uma escuta especial na palavra da criança; analisar cuidadosamente a situação para a escolha correta do tratamento”, afirmou.
O Centro de Referência das Vítimas de Violência conta com equipe multidisciplinar formada por psicólogos, assistentes sociais e orientadores educacionais. Primeiramente, é realizado uma triagem dos casos, depois ocorre o encaminhamento psicossocial, feito no próprio local ou na rede parceira, incluindo a Delegacia de Polícia para registro da ocorrência e o encaminhamento para o exame de corpo de delito, além do CRAS, CREAS, Conselho Tutelar e hospitais.
Durante o encontro, a palestrante relatou o caso de uma menina de 10 anos que foi abusada pelo próprio pai. Com medo das ameaças, preferiu o silêncio, mas não brincou mais e apresentou um quadro de profunda tristeza. Um dia, a criança começou a passar mal e durante a consulta médica foi constatada que ela estava grávida de 4 meses. Envergonhada, a criança não quis mais ir à escola. Na terapia, a mãe soube que o pai havia molestado outras duas filhas e resolveu denunciar. A menina foi encaminhada a um abrigo, e a Justiça decidiu que o bebê recém-nascido fosse colocado para adoção. Agora, a menina abusada sexualmente, a mãe, e as irmãs dela fazem terapia.
Segundo Dalka um dos grandes desafios nessa questão é a reconstrução dos laços familiares. “A mãe tem o dever de proteger a criança, pois a casa é um local de proteção e de segurança. O adolescente ou a criança que sofre violência sexual, em alguns casos, perde a confiança na família. Outra orientação é estimular a vítima a voltar à rotina. A vítima precisa entender que existem pessoas que são capazes de amar, de respeitar, de dar carinho e que elas podem namorar, casar, ou seja, continuarem as vidas”, explicou.
Na opinião da especialista, as políticas públicas de prevenção e enfrentamento ao abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes devem ser mais efetivas. “Embora o tema seja de conhecimento de todos, é necessário realizar palestras, promover rodas de conversas, principalmente com jovens, e campanhas de conscientização em rádios e nas escolas”, concluiu.
CAPACITAÇÕES
Em 2018, o programa promoveu nove oficinas e capacitou 848 profissionais. As capacitações que tiveram maior número de aprovação entre os participantes foram: Violência nos Estádios (94%), Assédio Sexual (88%), Prevenção ao Suicídio (86%), Políticas LGBT (85%), Pessoas com Deficiência (84%), Bullying (83%); Trabalhando com Vítimas (78%); e Grupo de Homens Autores de Violência Doméstica (71%).
Neste ano já foram capacitados 565 profissionais. As temáticas abordadas foram “Compreendendo e trabalhando a automutilação”, “Importunação Sexual e a Violência Contra a Mulher” e “Dependência Química: Cuidados na Prevenção e no Tratamento”.
CRAVI
O Centro de Referência e Apoio à Vítima (CRAVI), que está localizado no Fórum Criminal da Barra Funda, completou 20 anos em 2018 e desde o início de suas atividades, em 1988, oferece atendimento público e gratuito a vítimas, e seus familiares, de crimes violentos como homicídio e latrocínio. O Programa já realizou mais de 37.000 atendimentos, nas especialidades psicossocial e jurídica.
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