Governo do Estado entrega obra de restauro do Castelinho da Rua Apa
O Governo do Estado de São Paulo entregou nesta quinta-feira (06/04) as obras de restauro do Castelinho da Rua Apa, imóvel construído no início do século XX e que ficou cerca de 50 anos abandonado, período em que sofreu séria degradação. O prédio, que faz parte da primeira ocupação urbana do bairro de Santa Cecília, na capital, e cedido desde 1997 ao Clube de Mães do Brasil, foi restaurado com recursos do Fundo Estadual de Direitos Difusos (FID), gerido pela Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania, mediante convênio firmado com o Clube de Mães no valor de R$ 2,8 milhões.
O governador Geraldo Alckmin, a primeira-dama Lu Alckmin, o secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Márcio Fernando Elias Rosa; o prefeito de São Paulo, João Dória, e o secretário adjunto da Justiça e presidente do Comitê Gestor do FID, Luiz Souto Madureira, participaram da cerimônia de entrega do restauro, cujas obras demandaram 20 meses de trabalho.
O imóvel, de dois andares, é tombado por órgãos de preservação por sua relevância histórica, cultural e arquitetônica. Localizado na esquina da rua Apa com a avenida São João, é um dos poucos remanescentes do início do século passado que reflete a realidade da belle époque paulistana.
Sua trajetória foi caracterizada por diversos momentos. Foi residência da tradicional família Guimarães Reis que, também proprietária do luxuoso “Cine Teatro Broadway”, localizado na mesma Avenida São João, teria promovido o Castelinho como espaço de interação social por meio dos badalados eventos por ela oferecidos. No final dos anos 30, ganhou fama de mal-assombrado com o mistério do assassinato da família proprietária: a mãe e os dois filhos foram encontrados mortos no prédio.
O prédio, construído entre 1912 e 1917 e cedido ao Clube de Mães em 1997, quando já pertencia ao INSS, teve suas principais características preservadas no restauro.
A estrutura do imóvel foi reforçada com vigas de aço e fibra de carbono; o piso e o telhado foram reconstruídos, as paredes recuperadas e todas as ferragens, restauradas. Os ladrilhos do piso foram substituídos por peças novas, fabricadas em uma fábrica do bairro da Penha, utilizando-se a mesma técnica da época da construção e respeitando-se o desenho original.
A obra custou R$ 2,8 milhões, sendo R$ 2,6 milhões investimento do FID e R$ 208 mil a contrapartida do Clube de Mães.
Após a reforma, o “Castelinho” permitirá ao Clube de Mães -, organização não-governamental que promove atividades de cunho social, educacional e cultural, atendendo a crianças, cidadãos em situação de rua, dependentes químicos e catadores de papel – ampliar suas atividades oferecendo formação profissional por meio de ateliês de confecção de artesanato e artigos de moda, bem como curso de gastronomia orgânica na cozinha experimental que funcionará no prédio restaurado.
Na cerimônia, o governador citou que o FID financia projetos na área cultural, restauração de prédios com grande valor arquitetônico, parques, áreas verdes e preservação do meio ambiente. “Aqui tem duplo benefício: restaurar o prédio de mais de 100 anos que reflete parte da história de São Paulo e que estava praticamente ruindo, restauro de importância arquitetônica, deixando a cidade mais bonita, restaurando a região, e, o mais importante, a destinação do prédio ao Clube de Mães, atuando junto as pessoas em situação de rua, fazendo capacitação”, afirmou, referindo-se especificamente ao Castelinho.
De acordo com o secretário da Justiça, Márcio Elias Rosa, com a obra o Castelinho tem resgatada a sua importância social e não apenas sua importância arquitetônica e histórica. “O Clube de Mães vai continuar fazendo seu papel agora em instalações mais dignas, recepcionar as pessoas que o procuram e em seu trabalho confiam”, destacou.
Lembrou que o FID financiou outros projetos importantes, como a recuperação da Igreja de São Francisco, no largo de mesmo nome, no centro de São Paulo, assim como o Museu Catavento, antigo Palácio das Indústrias, no Parque D. Pedro. “O FID cumpre seu papel social quando investe em obras dessa natureza”, completou.
Já a primeira-dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Lu Alckmin, ressaltou o trabalho desenvolvido pelo Clube de Mães, citando as parcerias com o Fundo de Solidariedade, como a Padaria Artesanal e o Pólo Regional de Moda. “Foram mais de 200 pessoas capacitadas nesse trabalho tão lindo em prol da população carente”, observou.
O prefeito da capital, João Dória, fez uma homenagem a Maria Eulina Reis Silva Hilsenbeck, presidente da Oficina Profissionalizante Clube de Mães. “O Castelinho representa não só a extensão do que é realizado pelo clube de mães, representa a o amor, a fraternidade, a solidariedade”, disse. “E o que esta cidade mais precisa é de solidariedade e é isso o que é feito aqui com as pessoas em situação de rua, o que já fez e vai continuar a fazer com o apoio do governo do estado da Prefeitura; é a fraternidade, acolhimento, a humanização da nossa cidade”.
Emocionada, Maria Eulina Hilsenbeck agradeceu o apoio do governo do Estado, do FID e dos voluntários para a concretização o restauro, sonho antigo da ONG que preside. “Na data de hoje, uma nova página da história de tantas vidas é escrita. A volta do Castelinho, dignamente restaurado, para a cidade de São Paulo, soa como o retorno de um filho para os braços e abraços de sua mãe e familiares, trazendo boas novas”, disse Maria Eulina, em discurso lido pelo voluntário Carlos Nunes. “O Castelinho está de volta e avisa que a sua causa ao longo dessas quase três décadas será honrada. Nasce hoje em São Paulo um espaço de cultura sustentável, pretensioso, que seguirá transformando vidas por meio de sustentabilidade ambiental, econômica e principalmente social”, complementou.
Também participaram da cerimônia Bruno Covas, vice-prefeito da Capital e secretário municipal das Prefeituras Regionais; os secretários municipais André Sturm (Cultura), Milton Flávio (Relações Governamentais) e Soninha Francine (Assistência e Desenvolvimento Social); o prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak; o chefe de Gabinete da Secretaria da Justiça e secretário executivo do FID, Leonardo de Moraes Barros; o superintendente-adjunto do Patrimônio da União em São Paulo, Walter Gonçalves;a ex-vice-prefeita Alda Marco Antonio; o deputado Celino Cardoso; a vereadora Aline Cardoso; o diretor executivo da Fundação Itesp, Marco Pilla; o diretor executivo da Fundação Procon, Paulo Miguel, e outras autoridades.
O FID
O Fundo Estadual de Defesa dos Interesses Difusos (FID) tem como objetivo financiar projetos destinados ao ressarcimento, à coletividade, dos danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, no âmbito do território do Estado de São Paulo.
Os recursos advêm de condenações pecuniárias em ações civis públicas e pagamento de multas em casos de descumprimento de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs).
Tais recursos podem apoiar projetos apresentados por órgãos da administração pública direta e indireta no âmbito estadual e municipal; organizações não governamentais; organizações sociais; organizações da sociedade civil de interesse Público; e entidades civis sem fins lucrativos que tenham por finalidade a atuação nestas áreas.
Mediante chamamento público, por meio de edital convocatório, os interessados podem submeter projetos nas referidas áreas, os quais serão analisados tecnicamente e submetidos à aprovação do Conselho Gestor do FID, presidido pelo secretário adjunto da Secretaria da Justiça, Luiz Madureira, e, composto pelos titulares das secretarias estaduais do Meio Ambiente, da Fazenda, da Cultura, dos Direitos da Pessoa com Deficiência, do Planejamento e Gestão, do Desenvolvimento Social, da Procuradoria Geral do Estado, do Ministério Público Estadual, e por representantes da sociedade civil.
O FID já celebrou 82 convênios para o financiamento de projetos no valor total de R$ 175,5 milhões, com repasses já realizados no montante de R$ 89 milhões.
Fotos antigas: Clube de Mães
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