Secretário da Justiça participa do evento virtual Afro Presença
Na manhã desta quarta-feira (30) ocorreu a abertura do evento virtual “Afro Presença”, idealizado e coordenado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), e realizado pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU). Com o objetivo de inserir jovens negros e negras universitários no mercado de trabalho o encontro prossegue até o dia 02 de outubro, das 9h às 21h.
A iniciativa conta com o apoio do poder público, da iniciativa privada e da sociedade civil. Os participantes poderão compartilhar seus currículos, que serão enviados para as empresas. Para se inscrever basta acessar o site Afro Presença e preencher o formulário.
O secretário da Justiça e Cidadania, Paulo Dimas Mascaretti, participou da abertura e parabenizou os envolvidos pela inciativa. “Esse evento é fundamental porque reúne várias empresas, sociedade civil, poder público. Não devemos apenas inserir os jovens negros no mercado de trabalho, mas precisamos prepará-los para que tenham ascensão profissional e quebrem o paradigma do preconceito e da desigualdade”, disse Paulo Dimas.
O secretário da Justiça destacou que o Governo do Estado de São Paulo desenvolve políticas públicas de inclusão e ações afirmativas de enfrentamento ao racismo e a desigualdade social, entre elas, o Programa São Paulo Contra o Racismo. “Nós damos efetividade a Lei Estadual nº 14.187/2010, que pune administrativamente a discriminação por raça ou cor, e por meio de processo administrativo são aplicadas advertências e multas. Nossa Ouvidoria acolhe denúncias baseadas nessa legislação. Muitos casos são solucionados por meio de mediação de conflitos, que possibilita o diálogo e a sensibilização sobre condutas discriminatórias. Aqui em São Paulo Racismo é crime e Infração Administrativa”, concluiu.
O ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli também participou da abertura e ressaltou que a Constituição Federal estabelece a promoção do bem de todos, sem preconceito de origem, raça e/ou cor. “O racismo estrutural está enraigado na sociedade e dificulta o acesso de negros nos espaços de poder, nas empresas, e na administração pública. Em pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça, em 2018, constatou-se que apenas 18% dos magistrados brasileiros se declararam pardos e pretos. Somente 5% de magistrado são mulheres negras. O engajamento das empresas e do Pacto Global é fundamental para o acesso da população negra ao mercado de trabalho, para a promoção dos direitos humanos e para a superação do preconceito”, disse Dias Toffoli.
Durante o evento serão oferecidas oficinas de capacitação com universidades, empresas, agências de publicidades e escritórios de advocacia. A programação também conta com painéis e debates que discutirão temas que envolvem o racismo estrutural e institucional, o impacto da pandemia para a população negra, as políticas de ações afirmativas e o racismo no futebol.
O encontro terá como parceiros os movimentos sociais Educafro, Geledés Instituto da Mulher Negra, Movimento Negro Unificado, Uneafro Brasil e Unegro, Organização Internacional do Trabalho (OIT), ONU Mulheres. Também apoiam a iniciativa: 99jobs, Governo do Estado de São Paulo (Secretaria da Justiça e Cidadania), Prefeitura de São Paulo, Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Black Influence, Empodera, Empregue Afro, Eureca, Fecap, Gestão Kairós, Grupo Cia de Talentos, Ideal H+K Strategies, Macho Meyer, OAB, PUC-SP, Revista Raça, Squid, Tribal Wordlwide, UFABC, UFBA e Y&R Brasil, Coca- Cola, entre outras empresas.
Participaram da abertura Alberto Bastos Balazeiro, Procurador-geral do Trabalho; Martin Hahn, diretor do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT); Rodolfo Sirol, presidente do Conselho de Administração da Rede Brasil do Pacto Global; Valdirene Silva de Assis, Procuradora do Trabalho e Coordenadora geral do Afro Presença e do Projeto de Inclusão de Jovens Negros e Negras do MPTSP; Elisa Lucas Rodrigues, secretária-executiva Municipal de Direitos Humanos.
Programação:
30/09
Painéis com os temas: racismo estrutural empresarial, universidade e inclusão, escolhem profissionais e ferramentas de autoconhecimento, jornalismo, marketing, artes cênicas, educação física, relações internacionais, economia, farmácia, ciência, combate ao racismo no futebol, impacto da crise de COVID-19 para a população negra, letramento racial, entre outros.
01/10
Painéis com os temas: advocacia, turismo, moda, gastronomia, mercado de luxo, indústria química, telecomunicações, tecnologia, mitos e verdades em processos seletivos, religiosidade sob a perspectiva negra, como usar o LinkedIn, políticas de ações afirmativas, entre outros.
02/10
Painéis com os temas: saúde, expoentes negros na medicina, veterinária, engenharia e construção, arquitetura e urbanismo, agronegócio, meio ambiente, RH, indústria automobilística, igualdade de oportunidade e estratégias para combater o racismo institucional, LGBTQ+ sob a perspectiva negra e um show de encerramento.
Mercado de trabalho
De acordo com o PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios), as mulheres negras constituem o maior grupo populacional do país (25,3%), porém ocupam somente 0,4% dos altos cargos nas empresas.
A população negra representa 55,9% de toda a população brasileira.
Uma pesquisa do Instituto Ethos divulgada em 2016 mostrou que somente 4,7% dos cargos executivos das 500 maiores empresas brasileiras são ocupadas por negros.
De acordo com dados do IBGE, nas universidades públicas, os jovens negros e negras são maioria. Os dados do Censo de Educação Superior, do Ministério da Educação, indicam que nos cursos de excelência há uma presença expressiva. Em medicina, por exemplo, os negros são em 27%. Na área de química são 29% e direito 23%.