Castelinho da Rua Apa começa a ser reconstruído com recursos de fundo do Governo do Estado
Depois de anos de abandono, o Castelinho da Rua Apa, imóvel tombado pelo patrimônio histórico em 2004, voltará aos seus tempos de glória. De residência de luxo, nos anos 30, vai passar a ser sede de uma organização não governamental voltada à reinserção social de moradores de rua, dependentes químicos e crianças carentes.
O início das obras de restauro foi marcado oficialmente nesta quinta-feira (03/12), em cerimônia promovida pelo Clube de Mães do Brasil, organização não governamental, a quem o imóvel foi cedido.
O sonho que a presidente da entidade, Maria Eulina Reis Hilsenbeck, acalentava depois de superar tantos desafios (como migrante e ex-moradora de rua), foi, enfim concretizado, com recursos do Fundo Estadual de Interesses Difusos (FID), da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania.
Vinda do Maranhão, Maria Eulina se viu na condição de ter de morar nas ruas em São Paulo. E foi nas próprias ruas da cidade que conheceu uma pessoa que lhe deu um emprego, primeiro em sua residência e depois em uma famosa empresa de laticínios, onde conheceu seu marido.
O emprego e as melhores condições de vida não a fizeram esquecer das origens, mas reafirmaram seus propósitos de iniciar um trabalho de assistência social para ajudar pessoas socialmente vulneráveis, moradores de rua, dependentes químicos e crianças carentes.
Escreveu uma carta para a então primeira dama da União, Ruth Cardoso, morta em 24 de junho de 2008. Na correspondência, entregue pelo porteiro da residência da mulher do presidente Fernando Henrique Cardoso, à intelectual, educadora e fundadora da Ação Solidária, ela contava que o seu grande sonho era desenvolver ações sociais no Castelinho.
Cerca de cinco meses depois, recebeu um telefonema de Ruth Cardoso, dizendo que a União cederia o imóvel para a sua entidade social. A concretização final do sonho de Maria Eulina veio com a aprovação de um projeto de restauro do imóvel, ao Conselho Gestor do FID, que destinou R$ 2,7 milhões para reformar o Castelinho.
A primeira parcela de cerca de R$ 700 mil já foi paga e a obra iniciada há cerca de um mês já conta com os andaimes colocados. Assim, o restauro do Castelinho da Rua Apa, originalmente construído em 1912 pela Família Reis, estará concluído no prazo de 12 meses e pronto para ser reinaugurado no segundo semestre de 2016.
Cerimônia
O lançamento oficial da obra na quarta-feira foi marcado por muita emoção, dadas às circunstâncias que envolvem a concretização do sonho de Maria Eulina. A perseverança da mãe foi muito bem lembrada em discurso de sua filha Bárbara, psicóloga, que se referiu à obra como “seu irmão de concreto”, devido ao esforço da mãe pela restauração do Castelinho. Além da filha, a presidente do Clube de Mães, tem um filho, cientista político, com doutorado.
O tempo ameaçava chuva na quinta-feira e antes da cerimônia, Maria Eulina pensava em plano B para abrigar os convidados na oficina do prédio ao lado onde está instalada a entidade.
Ela contou que a sua neta, de quatro anos, pediu à avó que rezassem juntas para que não chovesse. “Vovó vamos orar para Deus para não chover hoje, por mais que eu goste de chuva”.
O presidente do Conselho Gestor do FID, o secretário adjunto da Justiça, Luiz Souto Madureira, lembrou que o significado da obra ia mais além do aparente. “Não se trata apenas do restauro de uma obra de grande significado, mas, acima de tudo, é uma obra de reinserção social, do restauro da crença e da pessoa humana”, afirmou.
Crônica
Selecionado e aprovado pelo Conselho Gestor do fundo, o projeto de restauração vai receber uma verba de R$ 2,7 milhões do FID. Outros R$ 208 mil serão aplicados como contrapartida da Clube de Mães do Brasil.
Tombado desde 2004, o Castelinho, até então, era uma mansão abandonada (e os populares dizem, assombrada), construída, com base em planta francesa, em 1912, pelo pai dos irmãos Álvaro e Armando dos Reis, em homenagem à sua mulher Maria Cândida.
Os irmãos e a mãe foram encontrados mortos em 1937. A versão oficial culpa um dos irmãos pelo assassinato, que, em seguida teria cometido suicídio.
O motivo teriam sido as disputas comerciais entre os irmãos.
Restaurado, o Castelinho da Rua Apa vai ser utilizado para obras assistenciais e projetos em favor de crianças carentes, moradores de rua, dependentes químicos, catadores de rua e pessoas ligadas a uma cooperativa de costureiras da região.
Silvano Tarantelli
Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
Coordenador de Comunicação
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