A Coordenadoria de Políticas para os Povos Indígenas (CPPI), da Secretaria da Justiça e Cidadania (SJC), participou, nesta quarta-feira (9), do evento “Potências Educativas para um Futuro Ancestral: por uma Ecologia dos Saberes”, realizado no auditório da Escola de Aplicação da Universidade de São Paulo (USP). O encontro reuniu lideranças, educadores e artistas indígenas para debater como a educação e a cultura dos povos originários podem inspirar práticas pedagógicas mais inclusivas e sustentáveis, promovendo transformações positivas na sociedade.
Representando a Secretaria da Justiça e Cidadania, Cristiano Kiririndju, coordenador da CPPI, apresentou um panorama sobre as ações de preservação ambiental em contexto indígena na Mata Atlântica, destacando o papel fundamental das comunidades indígenas na conservação dos biomas paulistas e na valorização dos saberes ancestrais.
Durante a apresentação, Cristiano Kiririndju mostrou os resultados do trabalho desenvolvido em parceria com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e com a Fundação Florestal, que inclui ações de reflorestamento, cultivo de espécies nativas, fiscalização ambiental e formação de agentes indígenas de saneamento básico. “A preservação da floresta e da vida é uma prática cotidiana para os povos indígenas. Nosso modo de viver está ligado à terra e ao equilíbrio com a natureza”, afirmou o coordenador.
A exposição também apresentou dados sobre a Educação Escolar Indígena no Estado de São Paulo, que conta com 42 escolas distribuídas entre comunidades Guarani Nhandewa, Guarani Mbya, Kaingang, Krenak e Terena. Atualmente, são 1.621 alunos matriculados, sendo 52% homens e 48% mulheres. O Governo do Estado tem investido na melhoria dessas unidades, com R$ 21 milhões destinados à construção, reformas e adequações.
Outro destaque é o curso de Licenciatura Intercultural Indígena (LINDI), realizado em parceria entre a Secretaria da Educação (Seduc-SP) e a Unifesp, que visa formar professores indígenas com enfoque nas especificidades culturais e territoriais de suas comunidades.
Entre os exemplos de boas práticas apresentados, Kiririndju destacou o reflorestamento de áreas degradadas, o cultivo do palmito pupunha como alternativa sustentável ao palmito Jussara, e o fortalecimento das atividades culturais e educacionais nas aldeias, incluindo o artesanato, o turismo comunitário e o intercâmbio cultural com outros povos, como os Kaiapó do Pará.
O evento contou ainda com as participações da Profª Me. Sarah C. R. Nhambiquara, artista e educadora; Paula Guajajara, educadora indígena Tenetehara; e Profª Me. Márcia Licá, indígena do povo Ramkokamekrá e educadora social. Juntos, os convidados reforçaram a importância da “ecologia dos saberes”, conceito que propõe o diálogo entre o conhecimento acadêmico e os saberes tradicionais.
Organizado pela Faculdade de Educação da USP (FEUSP), o encontro teve inscrições gratuitas e emissão de certificado, reforçando o compromisso das instituições com a promoção do respeito à diversidade cultural e o fortalecimento da cidadania indígena.