A Dra. Albertina Duarte Takiuti, ou simplesmente Dra. Albertina, como é conhecida, é uma médica sanitarista, especializada em Ginecologia, que há décadas trabalha com a saúde dos jovens. Hoje ela é coordenadora estadual do Programa Saúde do Adolescente, da Secretaria da Saúde.
A Dra. Albertina também coordena a área de Políticas Públicas para a Mulher, da Secretaria da Justiça e Cidadania. Escreve bastante sobre os direitos reprodutivos dos jovens e está sempre disposta a tirar as dúvidas.
Então, aproveita este espaço de perguntas frequentas e veja o que a Dra. tem a te dizer.
Como envolver os adolescentes na jornada da prevenção à gravidez nesse período da vida?
Antes de tudo, é necessário ouvi-los. No Programa Saúde do Adolescente, da Secretaria Estadual da Saúde, os profissionais compreenderam que precisamos levar em conta as características da adolescência na hora de prestar o atendimento, que é mais complexo do que para mulheres e homens de outras faixas etárias. Os adolescentes possuem demandas e necessidades muito específicas, procuram certos tipos de vivências e espaços – como pertencer a um grupo, o que é típico dessa fase – e não aceitam atitudes impositivas de equipes multiprofissionais. Precisamos colocá-los com parte de todo o processo, independentemente da área em que atuamos.
Mas, na prática, como fazer isto?
Conhecer os adolescentes significa abarcar as trajetórias familiar e sociocultural, compreender suas características físicas, socioeconômicas, afetivas e psicológicas, além de saber escutar e interpretar seus sonhos, interesses, desejos e motivações. Essas ações são fundamentais para que eles descubram novas alternativas e construam seus projetos de vida.
Como fazemos para eles participarem?
Primeiro precisamos considerar que são seres humanos com direitos e sujeitos ativos e participantes das ações destinadas a eles e elas ou em que são envolvidos. Como sujeitos ativos, têm a capacidade de trocar experiências e repertórios com seus pares, ou seja, falar na mesma linguagem, procurar enfrentar em conjunto os problemas cotidianos e ampliar o conhecimento, podendo também modificar atitudes e estilos de vida saudáveis.
O que é a Casa do Adolescente?
A Casa do Adolescente é parte do Programa Saúde do Adolescente. As unidades estão presentes em ao menos uma cidade em cada uma das Diretorias Regionais de Saúde no Estado de São Paulo. É um espaço mental de acolhimento dos adolescentes.
Quais atividades existem na Casa do Adolescente?
Na era da tecnologia digital em que estamos, usamos na Casa webconferências para gravar as nossas rodas de conversa, em que discutimos temas relevantes, além de permitir a interação do público. Cada Casa oferece uma série de atividades. Na unidade de Pinheiros, por exemplo, na cidade de São Paulo, temos meditação; grupos e rodas de conversa; labirinto das emoções; oficinas de dança, teatro e sentimento; e muito mais.
Em que situação está o índice de gravidez entre adolescentes no Estado de São Paulo?
Em São Paulo, entre os anos de 1998 e 2016, conseguimos diminuir em 46,59% o número de gravidez na adolescência, na faixa etária dos 10 aos 19 anos. Em 1998, tivemos 148.018 nascimentos de crianças vivas entre de jovens nessa faixa etária, o que significou 405 nascidos vivos por dia ou 16,85 por hora. Em 2016, depois de anos de investimento em políticas de prevenção, a mesma faixa etária registrou 79.048 nascidos vivos, ou seja, 216 bebês nascidos diariamente de mães com idades entre 10 e 19 anos, sendo cerca de 09 por hora.
Adolescência e puberdade são sinônimos?
É muito comum a confusão dos conceitos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a adolescência como um período do crescimento e desenvolvimento do ser humano que vai dos 10 aos 20 anos de idade. Aqui no Brasil, juridicamente, os adolescentes são as pessoas com idade entre 12 anos e 18 anos, como define o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A puberdade é um fenômeno fisiológico que frequentemente ocorre na adolescência, em que o corpo sofre com mudanças físicas e hormonais. A adolescência é mais ampla, inclui os componentes psicossociais, mesmo que se vincula inicialmente a uma etapa biológica.