Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas discute uso responsável de ibogaína

(esq. para dir.)   Jan Carlo Delorenzi, Maria Angélica Comis, Leonardo Arquimimo e Bruno Rasmussen Chaves  Conselheiros Estaduais de Políticas sobre Drogas participaram da 81ª Reunião Ordinária

O Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas esclareceu (29/01) aos participantes da 81ª Reunião Ordinária algumas questões relacionadas ao uso da substância ibogaína no tratamento da dependência química. O debate contou com o presidente do conselho Leonardo Arquimimo, do professor com especialização na área de farmacologia e toxicologia, Jan Carlo Delorenzi, do médico Bruno Rasmussen Chaves e da psicóloga Maria Angélica Comis.

A Ibogaína é um dos 12 alcaloides presentes na planta iboga, natural do oeste da África. A substância é alucinógena e utilizada em rituais religiosos para permitir a entrada da pessoa em um estado psíquico diferente. O professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que possui experiência na área de farmacologia e toxicologia de produtos naturais, fármacos sintéticos e protozoologia, Jan Carlo Delorenzi, citou alguns estudos em andamento.

“A ibogaína testada em ratos demonstrou diminuição no consumo de cocaína, mas reduziu também o consumo de água pelos animais, ou seja, houve modificações fisiológicas e comportamentais”, enfatizou Delorenzi. “A ibogaína funciona, mas apresenta efeitos adversos. Precisamos discutir o risco/benefício do medicamento e nos atentar à segurança e aos efeitos contrários”.

Estudos americanos demonstram a eficácia do uso da ibogaína no período de abstinência do dependente químico em recuperação. Para o médico Bruno Rasmussen Chaves, co-autor do estudo“Treating drug dependency with ibogaine – a retrospective study”, publicado na revista “Journal of Psychopharmacology” em 2014, não há uma abordagem farmacológica efetiva sobre a ibogaína, embora ele tenha encontrado resultados positivos durante seus 20 anos de estudos sobre a substância.

 

O professor com especialização na área de farmacologia e toxicologia, Jan Carlo Delorenzi,  ressaltou a importância de observar o risco/benefício da ibogaína  O médico Bruno Rasmussen falou sobre utilização responsável da ibogaína no tratamento da dependência química

 

Pacientes sob o efeito dela ficam muitos sensíveis, porém, não observamos ocorrências graves, nem reações sérias”, explicou Chaves. “O uso da ibogaína responsável, com dosagem controlada e em ambiente hospitalar tem grande potencial terapêutico”.

Segundo os especialistas, o tratamento com a ibogaína é para pacientes graves, com cerca de 30 internações. A dose utilizada da substância tem 17mg/kg, nunca excedendo os 20 mg/kg, é oral e normalmente única, porque demora para ser eliminada do organismo. Pacientes que precisaram de uma dose subsequente receberam depois de meses ou um ano de intervalo. Caso o paciente tenha utilizado drogas ou determinadas substâncias químicas em um período de 24 horas, não poderá receber o tratamento da ibogaína porque ela potencializa os efeitos. O valor pode chegar a R$ 4 mil.

A assessora especial de Políticas sobre Drogas, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, a psicóloga Maria Angélica Comis, autora da pesquisa “Treating drug dependency with ibogaine – a retrospective study”, ao lado de Bruno Rasmussen Chaves, apresentou algumas considerações sobre seu estudo.

“O indivíduo tem que estar motivado a tomar a substância, que deve ser utilizada em total abstinência e ambiente seguro”, considerou. “O tratamento tem preparação antes e depois”. Ainda falta estudo científico com grupo controle e grupo placebo, mas o co-autor da pesquisa de Maria Angélica, defende que a ibogaína seja regulamentada. “O ideal é uma regulamentação correta para as pessoas conhecerem e estarem protegidas a respeito do uso criterioso e cuidadoso da ibogaína para aliviar o sofrimento”.

Políticas sobre Drogas

Vera Bagnolesi e o presidente do Conselho Estadual de Política sobre Drogas, Leonardo Arquimimo fizeram leitura da ata na  81ª Reunião Ordinária  A socióloga Marta Elena Reis, membro do Conselho, anunciou a mudança da Coed da Secretaria da Justiça para a Secretaria do Desenvolvimento Social

Em 2009, o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas de São Paulo iniciou a elaboração de um documento com propostas para a construção de uma política sobre drogas no Estado, que possam ser transformadas em lei.

O trabalho contou com a participação popular, audiências públicas, conselhos municipais e da Coordenação de Políticas sobre Drogas, criada em 2011 pela Secretaria da Justiça, onde permaneceu até o ano passado. A partir do dia 15 de janeiro de 2015, por meio do decreto 61.054, a coordenação passou a fazer parte da Secretaria do Desenvolvimento Social.

O documento contém temas relacionados à dependência química, que enfrentam divergências e dúvidas, como prevenção, tratamento e redução de danos. “A tentativa de encaminhar esse documento como lei estadual tem encontrado resistência”, contou o presidente do conselho, Leonardo Arquimimo. “A nossa proposta seria encaminhar o documento como decreto estadual, ao invés de encaminhá-lo como uma lei estadual. A ideia é simplificar o mecanismo de apresentação para termos o documento final”.

O presidente fez um breve balanço das ações do conselho em 2014. “Vou listar algumas questões centrais: o lançamento Manual de Comunidades Terapêuticas atualizado em novembro; o encontro de Conselhos Municipais em Araraquara no mês de junho, com a capacitação de 606 pessoas; a criação de 16 novos conselhos municipais, atualmente existem 161; a realização de cerca de 65 mil atendimentos pelo conselho; o alcance de 440 pessoas nos seminários realizados, entre outras ações”.

Fabiana Campos
Assessora de Comunicação
Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
Governo do Estado de São Paulo
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