Ipem-SP inaugura Laboratório de Umidade de Grãos

O objetivo do laboratório é estabelecer uma relação comercial justa entre produtores,
vendedores e cooperativas

O Ipem-SP (Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo), autarquia do Governo do Estado, vinculada à Secretaria da Justiça e Cidadania, e órgão delegado do Inmetro, que tem como objetivo a proteção para o consumo, inaugurou nesta segunda-feira, 24 de abril, data de aniversário da instituição, que completa 56 anos de existência, na zona sul da capital, o Laboratório de Medição de Umidade de Grãos com a presença do secretário da Justiça, Fábio Prieto, e demais autoridades.

O secretário da Justiça cumprimentou os servidores devido o aniversário da instituição. E ressaltou a importância do laboratório e do Ipem-SP para a sociedade. “O trabalho a ser realizado aqui será essencial para o estado de São Paulo e o país no setor do agronegócio devido a necessidade da medição correta”, disse o secretário da Justiça.

Os medidores de umidade verificam a quantidade de água contida internamente nos grãos como soja, milho, café, trigo, feijão, entre outros grãos, uma vez que o teor de umidade do grão é parâmetro importante na definição do peso para comercialização e no seu preço no mercado. A umidade é um dos principais fatores na formação de preço dos grãos e, por isso mesmo, sempre foi um ponto polêmico nas relações comerciais entre produtores, vendedores, compradores e as cooperativas que trabalhavam com medidores universais, sem aprovação de modelo e sem regulamento técnico-metrológico do Inmetro. Impasses em relação às medições divergentes entre as partes, desconhecimento dos erros apresentados pelos instrumentos e até divergências causadas por má fé eram frequentes na comercialização desses produtos no passado recente.

O superintendente do Ipem-SP, Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior, explicou que “não há dúvida do papel que o Brasil ocupa em produção agropecuária, devido à exportação dos grãos que chegam em lugares remotos, inclusive, trazendo segurança alimentar. É uma cadeia que precisa de confiança. O Ipem-SP trabalha como instituição na infraestrutura da qualidade para trazer confiança nas medições. ”, disse.

Todos os medidores de umidade de grãos fabricados ou importados, utilizados em transações comerciais, devem ser de modelo aprovado pelo Inmetro e ser, obrigatoriamente, verificados por um órgão metrológico, em São Paulo, esse órgão é o Ipem-SP. A portaria proibiu a utilização de instrumentos sem modelo aprovado pelo Instituto e determinou a obrigatoriedade da verificação inicial e periódica dos instrumentos, que são realizadas pelos institutos de pesos e medidas em cada estado. Em consequência, os instrumentos de medição passaram a ser controlados, impedindo que os produtores fossem penalizados pela umidade medida indevidamente. Há uma correção do valor a ser pago por saca/kg em função da umidade.

Além da verificação em laboratório, a ideia é também realizar a inspeção em campo, nas empresas que recebem os grãos, levando a confiança das medições ao setor agrícola do estado. Para ter ideia, em São Paulo, por exemplo, a produção de grãos ficará em 9,5 milhões de toneladas na safra 2022/2023, de acordo com dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento.

O Laboratório de Medição de Umidade de Grãos do Ipem-SP estará sob gestão do Departamento de Metrologia Científica e Industrial da instituição, com função estratégica e disseminadora para o Controle Metrológico dos Medidores de Umidade de Grãos no estado, que será realizado pelas diversas unidades de representação do Ipem-SP, por meio das suas regionais espalhadas em todo o estado. Compete também à autarquia acompanhar os grãos que serão utilizados para comparação com os respectivos instrumentos em utilização no mercado.

As atividades de verificação metrológica legal realizadas por essas unidades operacionais localizadas em regiões administrativas do estado serão coordenadas pelo Departamento de Metrologia Legal e Fiscalização do instituto que irá planejar e executar o plano de trabalho em todo território paulista.

 

A umidade do grão e seu impacto na economia

O grão por ser um ser vivo possui uma certa quantidade de água em seu interior que varia conforme o tempo, a região, a temperatura e a sua característica fisiológica e morfológica. No momento da comercialização entre produtor e comprador de grãos existe um acordo que é justamente a umidade, que é a relação percentual entre a quantidade de água e a massa total da amostra. Esse valor é analisado pelos compradores, e o excesso pode causar prejuízos na comercialização. A recomendação técnica de segurança do alimento conforme o Ministério da Agricultura é que a comercialização dos grãos seja com umidade de até 14%.

O controle metrológico dos medidores de umidade dos grãos é importante para garantir que os equipamentos estejam operando dentro da faixa de erros máximos admissíveis de: Na Verificação Inicial de 0,4% e Verificação Subsequente de 0,8%, consequentemente contribui para:

1) Melhoria da qualidade na comercialização dos grãos: Com um medidor preciso, os produtores podem assegurar que os grãos que eles estão vendendo tem a umidade adequada para a sua armazenagem e transporte.

2) Preços mais justos: os compradores e vendedores poderão negociar preços mais justos baseado na qualidade real dos grãos, evitando surpresas desagradáveis e perdas financeiras.

3) Regulação de mercado: a utilização de medidor de umidade aprovado pode ajudar a regular o mercado de grãos, tornando-o mais justo e equilibrado. Isso pode resultar em preços mais estáveis e previsíveis, o que é benéfico para todos os envolvidos na cadeia de produção e comércio de grãos.

4) Maior eficiência: com a medição mais precisa de umidade, os compradores e vendedores poderão realizar negociações mais rápidas e eficientes, economizando tempo e dinheiro.

O Medidor de Umidade de Grãos é um instrumento que tem um impacto significativo na economia, tanto para os produtores quanto para os compradores dos grãos.

No Brasil estima-se uma economia de 1% para os produtores de grãos nos 310,9 milhões de toneladas das produções das safras 2022/2023. Já em São Paulo considerando apenas os grãos soja, milho, feijão e arroz na safra de 2022/2023 foram produzidas 149 milhões de sacas de 60 kg cada, gerando uma receita em torno de R$ 20 bilhões de reais. Através das verificações iniciais e subsequentes dos MUGs, houve um maior controle dos erros permitidos no que tange ao controle da umidade estimando se, portanto, 1% de economia de R$ 20 bilhões de reais, ou seja, o valor de R$ 200 milhões de reais.

Verificação Inicial: Exame metrológico realizado nos fabricantes antes do equipamento ser colocado em uso.

Verificação Subsequente: Exame metrológico realizado no equipamento nos locais de uso, fazendas; cooperativas; silos e grandes locais de armazenamento dos grãos.

Governo do Estado de SP