Conselho Estadual dos Direitos da População LGBTQIA+ realizou palestras com o tema “Corpo Trans no Processo Democrático”

Evento foi em alusão ao Dia da Visibilidade das Pessoas Transexuais e Travestis e fez parte das atividades da 11º edição do SPTransvisão – Semana da Visibilidade de Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans

O Conselho Estadual dos Direitos da População LGBTQIA+ de São Paulo, com apoio da Coordenação Estadual de Políticas Públicas para Diversidade Sexual, ambos ligados à Secretaria da Justiça e Cidadania, realizou na sexta-feira (27) uma série de palestras com o tema “Corpo Trans no Processo Democrático”, no Auditório da Defensoria Pública, em São Paulo. O evento ocorreu em homenagem ao Dia da Visibilidade Trans, comemorado anualmente no dia 29 de janeiro, e teve o objetivo de promover o debate sobre a garantia da proteção social à população transexual e travesti. 

Para o coordenador de Políticas Públicas para Diversidade Sexual e presidente do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBTQIA+ de São Paulo, dr. Victor Teixeira, o encontro foi uma oportunidade de ampliar a visão dos participantes sobre o tema. “No país em que mais se mata pessoas trans no mundo, é necessário lembrar que somos todos iguais e temos os mesmos direitos de acordo com a Constituição Federal. Somos agentes modificadores da sociedade e podemos evoluir juntos”, ressaltou. 

A cantora, compositora e ex-participante do The Voice Brasil 2022, Biá Sabiá, abriu o evento com duas músicas que, segundo ela, estão ligadas à data comemorativa: “A Balada do Louco” (Os Mutantes) e “Fala” (Secos & Molhados). Para a artista, a população LGBTQIA+ tem de ser reconhecida como parte do processo democrático do país. “Estamos aqui justamente para reafirmar nossos direitos e construir novos horizontes”, completou. 

Em seguida, seis palestrantes discorreram sobre a importância da visibilidade trans e de travestis, a partir de suas vivências e trajetórias. Anabella Pavão da Silva, mestra e dra. em serviço social, falou sobre políticas públicas. “É muito importante que os municípios promovam o debate sobre a inserção da população LGBTQIA+ na sociedade e sobre o orçamento destinado aos programas voltados a esse público”, explicou. “É preciso redesenhar os sistemas de Saúde, Educação, Assistência Social, mercado de trabalho e outros para que também incluam as nossas necessidades específicas. Sofremos ameaças o tempo todo, na cabeça das pessoas nosso lugar é na prostituição. Precisamos trazer dignidade para a nossa realidade”.  

O dr. Lian Cristiano Gigliotti de Sousa, médico e coach, abordou a necessidade de se conhecer de perto os problemas da população LGBTQIA+ para se organizar estratégias e implementar soluções. “Ser trans no Brasil é ter uma vida de invisibilidade e alto risco. Somos marginalizados, estamos vulneráveis e o acolhimento correto pode salvar vidas”, comentou. “Ser trans não é uma escolha, é a nossa natureza. Olhem para nós com amor”. Bruniely Lemos, conselheira estadual LGBT e embaixadora Trans do Instituto Avon, lembrou que a situação em cidades pequenas é ainda mais delicada. “A realidade é diferente das capitais. Há lugares em que as pessoas estão desamparadas socialmente, principalmente em virtude do preconceito”, disse ela. 

O filósofo e professor Luiz Fernando Prado Uchôa explicou o tema do evento “Corpo Trans no Processo Democrático”: “Nosso desejo é ocupar espaços sendo nós mesmos. Queremos existir de forma plena 365 dias ao ano”.  Já a assistente social Adriana Nascarenhas abordou a importância do acolhimento correto. “Trabalhar com o resgate de pessoas trans que sofreram todo tipo de rejeição é lutar todos os dias contra um sistema que oprime. Temos de lembrar que todo cidadão é único e é preciso respeitar a singularidade de cada um. O acolhimento deve ser sem julgamento e com amor”. 

O advogado Vitor Dell’Orti falou sobre sua percepção no campo jurídico. “Apesar de observar certos retrocessos, percebo que estamos evoluindo. E o papel do advogado é essencial nessa luta. Damos voz aos que não são ouvidos pela sociedade, aos marginalizados e excluídos”. 

A jornalista e coordenadora de gabinete do vereador Thammy Miranda, Léo Áquila, também esteve presente no evento e agradeceu o convite do Conselho Estadual dos Direitos da População LGBTQIA+ de São Paulo. “No passado, as pessoas sofriam todo tipo de violência caladas. Fico feliz que avançamos e hoje temos um evento tão importante como este”, finalizou. 

As palestras sobre “Corpo Trans no Processo Democrático” fizeram parte da grade de atividades da 11º edição do SP Transvisão – Semana da Visibilidade de Travestis, Mulheres Transexuais e Homens Trans, que aconteceu entre os dias 23 e 29/01, na sede Roosevelt da SP Escola de Teatro, instituição ligada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, e administrada pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap).

Governo do Estado de SP